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sexta-feira, 22 de abril de 2011

O Executivo Highlander - Série: Os Executivos Cap 22 (by Rogério Rufino)

O mundinho dos executivos é muito parecido com o filme Highlander, uma luta eterna e sem tréguas  entre seres que se julgam imortais e acima do bem e do mal, com o objetivo de se eliminar uns aos outros até que reste apenas um, o qual receberá o grande prêmio.Ok, executivos não são imortais e tampouco imortais podem ser eliminados como no filme, pois do contrário, seriam mortais. 


Mas não importa, o ambiente dos executivos é de guerra permanente e as vítimas vão se sucedendo e a maior parte delas é abatida pelo que se chama de fogo amigo. Tiros pelas costas disparados pelos companheiros.

Certa vez, um  vice-presidente de um setor da Holding pediu que eu fizesse um estudo para definir qual o melhor negócio: investir em internet banda larga na rede de Telecom ou na rede de TV a cabo, visto que o grupo possuía empresas nas duas áreas. 

Mesmo sabendo a resposta, que era o que, nosso coleguinha Nelson Rodrigues chamava de óbvio ululante, pois a rede Telecom atingia infinitamente mais usuários que a de TV acabo, e além disto Telecom é uma tecnologia de primeira classe enquanto que Tv a cabo não passa de uma tecnologia de quinta categoria, pois suas exigências técnicas são muito menores que as de Telecom, fizemos todo o estudo econômico-financeiro, que obviamente chegou a inequívoca conclusão que investir em ADSL era mais negócio. 

Entreguei o estudo ao CEO que foi com seus diretores apresentá-lo ao Vice-Presidente. Não me convidaram e fiquei  em minha mesa absorto com meus pensamentos, procurando algum outro negócio de futuro para investir e verificando se não havia  sinal de olho gordo e mal olhado ao meu redor quando meu telefone tocou freneticamente, mais parecendo uma vuvuzela na TPM. 

Antendi num átimo e coloquei-o a uma certa distância da minha orelha, o que me salvou de uma provável e irreversível surdez pois, o Vice-presidente gritou histericamente do outro lado da linha, como o chefe do Dique Vigarista naquele desenho animado. Tive que segurar o fone com as duas mãos pois, ele tremia como peixe fora d´água e eu temia a qualquer momento, ver as guelras do chefe, como no desenho da tv. Mas nada, só o bafo de whiskey 12 anos com aguardente de 12 dias e sua voz de garça esganiçada praguejando contra a minha existência passada, presente e futura. De qualquer forma fechei os olhos temendo uma cusparada vice-presidentiana. 

- Você sabe que nosso Vice-Presidente da Holding quer resolver a questão da TV a Cabo antes que alguém dê cabo nele e ele conta com o serviço de Internet banda larga na rede de TV e mesmo sabendo disso você faz um estudo provando o contrário? Você quer acabar comigo? Quer acabar com ele? Você é mau!! Te odeio!! Mas saiba você que,  eu, ele e mais todos os diretores presentes aqui na sala, acabaremos com você primeiro oooaaaaooooaaaouououo, finalizou gritando como o Tarzan. 

- Mas chefe eu pensei que você queria um estudo de viabilidade e não um estudo para justificar o desejo do chefe maior. Se fosse assim eu teria feito um relatório sem números, só com frases de efeito e ornamentado com figurinhas coloridas com apliques de papel dourado na contra-capa. 

- Seu idiota, a única verdade é o desejo do chefe. Então jogue este relatório cheio de mentiras no lixo e manda o de figurinhas com papel dourado. Ah coloque uma gota de essência  de jasmim. 

- Lamento chefe, isto eu não posso fazer, mas vou pedir para o Recursos Humanos elaborar um. É especialidade deles, eles têm figurinhas e restos de fantasia do gala gay.

- Imbecil você está liquidado! - neste momento, o camarão, quer dizer o Vice-Presidente vermelho de raiva desligou o fone fazendo um barulho que mais parecia um tiro de canhão e me lembrei de Shane, um filme de Bang bang, que numa das cenas, o diretor usou o som de um canhão para o disparo da pistola do bandido do filme, mas esta é outra história. 

Desliguei e fiquei imaginando a cena do outro lado, o vice-presidente sentado em sua cadeira imperial, ornamentada com plumas e paetês, na extremidade da enorme mesa de conferencia com João Penca e seus miquinhos amestrados, quer dizer meu CEO e os diretores, estatelados nas belas cadeiras reclináveis e giratórias, como que contemplando alguma coisa tenebrosa vinda de outro mundo e rezando baixinho para que seu apetite devorador fizesse apenas a mim de vitima, pelo menos até que eles pudessem se safar daquele lugar e se protegerem em algum ritual de macumba performática. 

O mundo estava desabando ao meu redor mas, ainda não foi daquela vez que cortaram minha cabeça, a única forma de se matar um highlander. Mas percebi, que em minha guerra contra o resto do mundo eu estava cada vez mais sozinho. 

Algum tempo depois, recebi uma ligação do Big Boss, o Presidente, que como eu, achava que celular era o grande negócio em Telecom. Mas para resolver certas questões, o Vice-Presidente estava determinado a desfazer do negócio celular. Comecei então a fazer guerrilha, a torpedear as idéias do Vice-Presidente, até que o presidente me pediu um certo favor e eu atendi. 

Novamente a vuvuzela tocou em minha mesa e desta vez o telefone não só tremia, ele saltitava como feijões mexicanos e acendia luzes vermelhas como numa boate barata. Pensei, a coisa está preta, desta vez não escapo. Peguei o telefone timidamente e o levei lentamente ao ouvido e pude ouvi os esgares do Vice-Presidente, rosnando como um leão furioso, mas depois que eu disse alô, ficou mais parecido com  o urro daquele tiranossauro rex do filme Parque dos Dinossauros. 

- Vocêêêê, seu vermeeeeeeee – urrava o Trex, quer dizer o Tvice. 

- Quem te autorizou a contatar empresas internacionais para o Presidente. Por acaso você almoça com ele? Freqüenta a casa dele? Você é amiguinho dele?  O que você está tramando com ele? Bla bla blaUaaaaarrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr. Continuava a berrar o Trex endiabrado. 

- Mas ele me pediu. Eu só atendi, falei baixinho, já escondido debaixo da minha mesa. 

Grahhhhrrr,UUUUUAAAAARRRRRR , ok já sabem, era ele o Trex malvadão. 

Quando ele desligou, havia pouca coisa em cima de minha mesa, parecia que ela havia sido devastada por um Twister (tornado), e por todo lado havia aquelas gosmas repugnantes  como as daquela criatura do filme Alien. Quando criei coragem e me levantei, olhei ao meu redor e meus colegas estavam com os cabelos arrepiados, como que vitimados por um raio. Alguns estavam em coma profundo estirados no frio macadame da sala. 

- Vocês estão bem? Ouviram aquilo? Perguntei timidamente. 

Eles não responderam, simplesmente saíram correndo pelos corredores  agitando os braços, como que fugindo de alguma coisa vindo do além. Os que estavam em coma saíram rastejando como cobras, serpenteando pelos corredores, em fuga alucinada.

Percebi então, que eu já não pertencia mais àquele mundo. Naquele momento ingressava para o time dos executivos fantasmas, que ficam algum tempo perambulando pelas organizações até serem exterminados de vez.



To be continued!

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Um Executivo Aloprado - Série: Os Executivos Cap 21 ( by Rogério Rufino)

Certa vez, estava contando para uma colega minha que, quando eu tinha uns 9 anos fiquei fascinado com a Divina Comédia de Dante, e ela riu muito e disse: 


- Roger, você nunca foi uma pessoa normal mesmo. 

Naquele instante uma dezena de lembranças passaram como uma estrela cadente pela minha mente. 

A primeira lembrança foi de 10 anos antes em Washington, quando eu e mais dois colegas de empresa, que estávamos em treinamentos ali,  fomos visitar nosso presidente, que estava residindo naquela cidade. 

Eu era relativamente novo na empresa, 3 anos e não tinha familiaridade com o presidente, mas conversa estava agradável pois,  ele é uma pessoa acessível e inteligente e comecei a fazer uma série de perguntas a ele, que me intrigavam. Mas a medida que eu ia formulando as questões para satisfazer minha curiosidade, fui percebendo mudanças singulares em meu colegas. Um deles, nissei, começou a ficar com os dois olhos curiosamente esbugalhados e  por fim, pareceu assumir uma estranha posição de ninja saltitante em fuga alucinada pela janela do oitavo andar. Julguei que era mais uma destas exentricidades de nossos amigos Jaspions e achei que logo o ninja aranha retornaria a sala. 

O Boss continuava tranquilamente me respondendo, enquanto alisava carinhosamente sua raquete de tênis com uma mão. A outra mão, no entanto, ele esmagava lentamente uma bola de Tênis reduzindo-a ao tamanho de uma bolinha de gude,  revelando todo o poder daquelas mãos poderosas. 

Meu outro colega, um tanto roliço e bonachão, subitamente começou a deslizar-se como uma maria mole pelo sofá. Parecia mais uma daquelas criaturas tipo Invasores de Corpos dos filmes de ficção científica. Ele tinha uma expressão curiosa, a boca entreaberta e os olhos revirados como se estivesse recebendo alguma entidade obscura  em algum terreiro e candomblé bahiano. Em ninutos ele já tocava o chão do apartamento, e veio espalhando fantasmagoricamente em minha direção,  transfigurado de  tapete de pele de urso polar. E ficou ali estatelado, braços abertos em cruz,  com os olhinhos de garoupa morta a contemplar seu amado presidente que o retribuia com um olhar de reprovação. Naquele momento tive um destes insights comandados pelo instinto de sobrevivência, e   levantei num salto. Agarrei o  ninja ainda pendurado como um morcego na janela do apartamento do Boss e sai arrastando ele e o velho urso escada abaixo, ao mesmo tempo que despedia do presidente e pedia desculpas pelo comportamento incomum de meus companheiros. Descemos a escada em disparada como que fugindo de uma fera perigosa. O Ninja, como em Matrix saltitava pelas paredes desafiando a gravidade, como um dragão da maldade contra o santo guerreiro. Meu amigo urso, no entanto, ia deslizando apopleticamente degrau por degrau, como uma bola de basquete que desce a escadaria da penha. 

Os dois só retornaram a si na porta do prédio do Boss, mas tudo não durou mais que um minuto. Então eles  olharam para mim e depois um para o outro e então viram o Boss, que nos olhava misteriosamente da sacada do seu apartamento, com uma raquetinha que me pareceu de ping pong e os olhos que me pareceriam em cuspir labaredas de fogo. Meus companheiros pareceram fulminados por um raio.  Os cabelos eriçaram e eles saíram em correria, gritando e agitando os braços pelas ruas de Washington como duas gazelas saltitantes e só fui vê-los uns dois dias depois. 

Outra lembrança que me ocorreu foi  de quando eu retornei  de minha estadia de 2 anos nos USA. Logo nos primeiros dias, eu redigi  um documento de uma folha que dizia o seguinte: A Modest Proposal ( Vender 100 mil unidades do serviço X em 1 ano). Este tal serviço X, a companhia havia vendido apenas 13 mil em 20 anos. 

Apresentei o  documento para o board numa stand-up meeting.  Quando terminei, olhei para o petrificado board. Meu CEO parecia que estava tendo uma visão de um outro mundo e lançava um olhar triste para o que parecia ser a espaçonave que o traria de volta,  mais exatamente o frigobar da sala. 

Nisto o diretor de tecnologia indagou quais as consistências de meus dados quanto ao mercado, no que eu respondi. 

- Nenhuma, eles se baseiam em simples feeling, fruto de meus anos de experência em Telecom. 

Nisto se ouvem  os primeiros versos de Feelings . Nosso diretor de Marketing, se apodera de um bonsai que utiliza como se fosse um microfone e começa a cantarolar: 

Feelings, nothing more than feelings, 
trying to forget my feelings of love. 
Teardrops rolling down on my face, 
trying to forget my feelings of love. 

A medida que ele canta, ele vai se transformando num pop star. Abre os braços e se esparrama pela sala soltando a voz: 

Feelings, wo-o-o feelings, 
wo-o-o, feel you again in my arms. 

Alguns membros do board fazem o sinal da cruz, outros olham como se presenciassem o apocalipse e as mulheres choram copiosamente. O CEO que até então permanecia paralisado como uma estátua de cera, recebe uma cotovelada de seu assessor de alerta real e imediato e   dá um pulinho e dispara: Isto é telefone? 

- Ki fofo, dizem as mulheres.

E quem chora copiosamente desta vez são os homens, incluindo o Diretor de Marketing. 

Como a reunião tinha virado puro non sense, resolvi sair de fininho e ir trabalhar. Mas antes de deixar o recinto, perguntei para o CEO:


- Então senhor posso tocar o projeto? 

- Claro meu filho, precisamos  vender mais telefones, vá em frente! 

Bem, em um ano vendemos 120 mil unidades do tal serviço X, mas antes tivemos que mudar algumas realidades tupiniquins. 

A primeira delas, era que, para que pudéssemos vender tamanha quantidade do serviço X, teríamos que baratear o aparelho que possibilitava o tal serviço, e para isto convocamos para uma reunião, todos os fabricantes do aparelho no Brasil 

Na época o aparelho era vendido, digamos, a R$ 100 no mercado e nós precisávamos de vendê-lo a R$ 20. Fui direto , expliquei os objetivos do projeto e disparei uma proposta indecorosa aos bravos indústriais tupiniquins. 

- Preciso que nos vendam o produto a R$ 15, alguém se habilita? 

- Isto é impossível, responderam em uníssono.

- Os kongs nos vendem a este preço, se não aceitarem compramos deles, mas preferimos comprar no Brasil, disse eu. 

- Não tem a menor possibilidade, nossos custos são altos. Bla bla bla

- Bem, se não podem produzir competitivamente, transfiram sua fábricas para Hong Kong. Terceirizem. 

- O senhor está tentando mudar o jeito de fazer negócios no Brasil. Isto não é muito bom. 

Bem, percebi ai uma ameaça velada e encerrei a reunião dizendo:

- Vocês tem uma semana para pensar. Obrigado. 

Na saída, um dos industriais tupiniquins me fez um sinal para seguí-lo discretamente. Fomos até uma sala e ele me disse: 

- Eu topo, vou terceirizar com os Kongs. 

Bem, a verdade é que no final, ele não terceirizou, conseguiu não sei de que forma baixar os custos Brasil e ganhou um belo contrato. Isto despertou o interesse de uma empresa americana que comprou a indústria do sábio industrial brasileiro por um belo preço. As demais, provavelmente não existem mais.

To be continued.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Era Uma Vez na América (Parte III) – Série: Os Executivos Cap 20 (by Rogerio Rufino)

Em 1997 mudei com família e tudo para uma estadia de dois anos nos EUA. Chegamos lá em pleno inverno e aluguei uma Townhome em Rockville, Md, a quinze minutos de Washington. Cidadezinha agradável e berço de Francis Scott Fitzgerald. Minhas filhas  na época tinham respectivamente  12, 14 e 14 anos, choraram durante uns três meses, reclamando que eu havia acabado com suas vidas, deixando as longe de seus amigos, namorados e de um país quente  e com um povo alegre, ou seja o Brasil.

Dois anos depois,  na volta ao Brasil, elas choraram outros 3 meses dizendo que eu havia acabado com suas vidas, ao separá-las de seus amigos, namorados e de um país belo e organizado, ou seja, os EUA. Uma delas, Karen, chorou por mais de ano, até que todos perderam a paciência e permitimos que ela retornasse aos EUA para estudar.

Embora sejam culturas distintas, com costumes diferentes, apreendi que no fundo, o que importa mesmo, são os seres humanos e estes não diferem muito, possuem reações parecidas aqui ou lá. Sentem alegrias e tristezas, são distantes ou carinhosos. Mas...

Washington é uma metrópole rodeada por uma dezena de cidades pequenas e aprazíveis, onde as pessoas residem e onde está a maior parte do comércio e os Malls. Mas Washington tem uma característica incomum nos EUA, tem uma imensa população negra, devido ao grande fluxo de ex-escravos que se dirigiram para lá, logo depois  da abolição da escravidão na América.

Os negros americanos, diferentemente dos brasileiros, tem um preconceito em relação aos brancos similar ao que os brancos possuíam explicitamente contra os negros, tempos atrás. Se as leis hoje impedem a manifestação do preconceito dos brancos, persistindo ele numa forma distorcida e suavizada como a existente no Brasil, alguns negros adquiriram um certo sentimento de revanchismo contra os brancos, embora muito menos ostensivo e cruel, mesmo porque a lei não permitiria.

Próximo a minha casa, havia um supermercado no qual  minha esposa sempre ia. Como ela tem a pele muito clara, certa vez foi perseguida dentro do supermercado por uma senhora negra, sem motivo algum, pois ela se dá bem com qualquer pessoa. Mas o próprio gerente a protegeu e disse que a única coisa que ela podia fazer era não olhar direto nos olhos da senhora negra, pois qualquer coisa que acontecesse a lei estaria do lado dos negros. Justo ou não, compreendemos que era a maneira americana de tentar reparar anos e anos de crimes e perseguições racistas.

Minhas meninas para piorar, muito brancas, foram estudar na escola pública. Haviam muitos negros lá, embora não fossem a maioria. Mas, os brancos eram estrangeiros das mais variadas partes do globo, e não formavam um grupo homogêneo, muito pelo contrário. 

Portanto quem dominava as  escolas eram os negros americanos. Os estrangeiros se agrupavam por afinidades, e na verdade, os brasileiros eram mais próximos dos negros americanos do que dos hispânicos por exemplo, que viam os brazucas com uma certa desconfiança, embora não ostensiva,  talvez pelo  poder do Brasil na América Latina e por ser a única nação que não fala o espanhol Os hispânicos ali eram chamados de CUCAS pelos brazileiros, uma contração carinhosa pero no mucho de cucarachas. Brasileiros se dão melhor com chineses, americanos e outros asiáticos, mas isto pode ser uma característica restrita às escolas que minhas meninas freqüentaram. Não sei.

Certa vez, numa destas brincadeiras de crianças em sala de aula, que são as tradicionais batalhas nas quais os alunos atiram papeis embolados,  objetos e outras coisas inofensivas uns nos outros, uma de minhas meninas, péssima de mira, acabou atingindo uma colega negra muito forte. Claro, a menina partiu para cima de minha filha mas foi contida por outra brasileira, Vanessa, amiga de minha filha, que bravamente impediu o conflito, mas minha filha ficou jurada.

Fiz o que eu podia, liguei para a diretora da escola e disse que já havia acionado meus Legal Consultants e que se alguma coisa acontecesse a minha filha ela e a escola seriam processadas. Era puro blefe, mas o fato é que americanos morre de medo de advogado, e minha filha ficou uma semana com escolta de dois seguranças da escola, até que os ânimos se acalmaram e no final,  as duas se tornaram amigas.

Independente destes episódios, alguns dos amigos mais verdadeiros de minha mulher e filhos nos EUA, eram negros.

Nos EUA, em cada condomínio residencial, o governo obriga a destinação de um certo número de residências para a população carente, aquela que vive normalmente de seguro desemprego, e possui renda menor que 20 mil dólares por ano. O governo complementa o valor do aluguel da população de baixa renda. É uma medida inteligente, que permite a integração das classes pobres com a classe média e sua cultura,  além de impedir a formação das tradicionais favelas, onde se escondem os excluídos, que por uma série de razões não têm a renda necessária que os possibilite a viver junto com as demais pessoas. 

Nossa cultura, remanescente ainda da contra-reforma e da escravidão, é exclusionista,  rico vive com rico, classe média com classe média e os pobres em qualquer gueto, de preferência nos morros.

Mas, como a visão da contra-reforma é de curto prazo, eles se esqueceram, que os excluídos, um dia iriam descer os morros e provocar os arrastões e a violência gratuita contra aqueles que os segregaram. E aí não há muito o que se possa fazer, já se criou a cultura da diferença de classes e da exclusão social, e isto está impregnado em todos os moradores das favelas certamente. E cada um reage a sua maneira, os bandidos com uma crueldade sem limites, as pessoas de bem, com uma miríade de sentimentos, vergonha,  angustia a humilhação.

Em geral ser pobre nos EUA significa que você não gosta muito de trabalhar ou seja, é um vagabundo. Não é regra, mas a maioria vive do welfare state, o seguro desemprego do governo americano. Eles trabalham por um período que lhes permitam usufruir do seguro e então pedem demissão e passam um bom tempo dormindo e bebendo por conta do Obama.  Muitos, são empresários clandestinos especializados:  drogas, contrabando e sexo.

Ou seja, nada muito diferentes do que acontece nas favelas. Só que com uma diferença: são discretíssimos, e não andam para lá e para cá com fuzis nas mãos. Quem olha, vê uma pessoa como outra qualquer. Lembram a máfia,  parecem pessoas respeitáveis. Havia uma família que morava próxima a minha casa, e o garoto parecia gente muito boa, e certa vez minha esposa até o convidou para o aniversário de uma de minhas meninas, e ele gentilmente recusou, pois ele disse que não poderia ir num aniversário de meninas brancas pois sua turma na escola não iria entender este fato. Anyway, graças a estas amabilidades, minhas meninas ficaram protegidas na escola, pois ele um líder ali, uma espécie de Obama do underground.

Se ele e sua família tinham atividades ilegais nunca soube ao certo, mas a verdade era que pareciam seres humano, que sentiam, que tinham emoções e que defendiam seu vizinhos. O que chamamos pessoas de bem.

E também haviam algumas pessoas brancas, respeitabilíssimas, mas que na verdade não valiam nada. Em tudo nelas se percebia a falsidade, a maldade e ausência total de amizade. Aliás isto é muito comum, pessoas de comportamento duvidoso mas de grande coração e pessoas altamente éticas mas que não valem coisa alguma, incapazes de um gesto de generosidade ou caridade, a total ausência de amor ao próximo, amor talvez só as leis, a retidão de uma conduta. Mas como em toda sociedade, haviam as pessoas boas e as ruins, e isto não dependia da cor, credo ou nacionalidade. Brasileiros ou qualquer outro povo do mundo é igual, tem sempre o joio que se espalha em meio ao trigo.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Olhai os Lírios do Campo (by Lana Frances)

Lana Frances
Inicialmente, estava decidida a escrever algum artigo técnico mas, mudei de idéia no último instante e na verdade não sei explicar bem as razões, se é que elas existem de fato. Em um dado instante percebi toda minha introspecção, como se eu vagasse por terras distantes e desconhecidas e o que finalmente produzi, é um tênue retrato de momentos fugidios, captados em tempos diferentes, sem nenhum elo especial, influenciados tão somente pelas minhas atividades e pelo meu estado de espírito e a atmosfera daqueles instantes. E no final, quando a peça musical emergiu completa, eu percebi toda a dificuldade e a complexidade de se juntar todas aquelas sensações vividas e que se perderam definitivamente no tempo, não podendo eu mais recuperá-las por completo.  Havia apenas, vagas lembranças  dos fragmentos já vividos, coletados um a um, para um objetivo não muito claro, fútil talvez, mas que revelava alguns, poucos é verdade, conhecimentos novos, mas importantes, e proponho que façam o mesmo esforço, de  juntar estas vivências em suas vidas também.

Qualquer pessoa que trabalhe com a terra ou que goste dela, descobre o fascínio que é cultivá-las e colher aquilo que ela pode produzir. Em qualquer área, a observação aguçada do que acontece a sua volta torna-se enriquecedor para sua vida no dia a dia. É assim que trabalho e é assim que imagino que todos trabalhem.

A horticultura tem passado por modificações imensas na ultima década, pois ela, como a nossa vida, está em constante mudanças. Há uma expansão continua da horticultura e em especial, da fruticultura, em função do  aumento das exportações e do crescimento da renda per capita e do surgimento de um novo contingente de consumidores. Existe todo uma nova cultura de processos, permitindo que o produto pré-in-natura seja melhor trabalhado; existindo como base, parâmetros que foram meticulosamente estudados para se produzirem melhores frutos. Estuda-se meticulosamente cada etapa, desde as sementes, germinação, até a colheita.

Esta é uma história maravilhosa, porque as sementes possibilitam a multiplicação e a perpetuação das espécies, e  elas vêem das flores, pela fertilização dos óvulos. E somente existem flores porque as sementes foram cultivadas e este é o circulo vicioso daquilo que chamamos continuação da vida. Então querido leitor, esta é a prova viva do círculo da vida e portanto devemos sim, comparar  a beleza do desabrochar nos campos com o desabrochar da vida, porque eles estão intimamente relacionados e inseridos num contexto maior pela força criadora responsável pelo universo.

O ser humano nasce, cresce, floresce, frutifica, amadurece, murcha e morre. È a lei da vida. Todos  sabemos disto e está em qualquer pagina da Internet ou livro que você abrir.  É nisso que se resume a vida. Não somos como os vegetais, que têm a capacidade de desabrochar para um novo ciclo.  Nossas vidas não tem segundo ato, uma vez ceifados, não rebrotamos mais, mas temos em comum o fato de gerarmos frutos e assim como os vegetais, eles podem ser bons ou ruins, mas diferentemente das plantas, o fruto nunca depende apenas de nós.
Então mais uma vez me maravilho diante a natureza, desde a historia da bíblia ( Olhai os lírios do campos....)  ou da famosa e popular Onze horas, ou de outras que levam anos para florescer, mas cumprem seu papel, como por exemplo, uma certa flor da Indonésia, a  Lois ou Flor Cadáver, que curiosamente, leva milhares de pessoas, na época do seu desabrochar, a ficar  em imensas filas no museu de Houston, apenas para contemplá-la por alguns intantes, pois sua duração é efêmera.
O homem não é mais primitivo e  mesmo  seus ancestrais tendo descoberto que remexendo a terra e regando as plantas, elas cresciam melhor e tantas outras descobertas cruciais ate os dias de hoje, ainda assim o ser humano esquece da colheita, porque só se chega a ela depois de percorrer um longo caminho. Podemos ter durante toda uma vida varias pequenas colheitas, mas existe uma, a maior de todas que é a de ser digno e honrado até que se fenesça. Esta dependendo da crença, da religiosidade se torna ainda mais rigorosa. Mas não importa a crença, importa o que você fez e o resultado daquilo que vai colher.
Somos como as hortaliças folhosas, de alta perecibilidade,  que se usarmos de maneira indevida  a cadeia do frio, pereceremos  inutilmente. Faz-se necessário uma qualidade física, fisiológica e sanitária. Nossas sementes também devem estar integradas de cobertura, tecido de reserva e eixo embrionário. É uma grande miscelânea de atitudes, de ações e reações.

Nossa colheita, a humana, é exatamente igual às folhosas, momentos de estresse. As folhosas perdem a sua fonte de água e nutrientes, elas já não tem um solo fofo e húmido, estão agora submetidas a manuseios humanos e não da natureza, porém ainda assim a natureza permitirá que o humano classifique-a, embale-a e possa usufruir delas.

Portanto,  estejamos preparados para este momento, contemplemos mais a natureza, as estrelas, o sol e  o canto dos pássaros. Observemos mais como reage a natureza, se a nosso favor ou contra, porque assim descobriremos que, quase sempre,  interferimos de uma forma nefasta, e se com ela podemos aprender tanto, porque não aprecia-la e porque não  salvá-la.

 Se você não quer ir ao campo, é muito simples, observe um brócolis ou uma couve-flor no seu prato. Os brócolis são verdes porque estão cheios de clorofila e de carotenóides, já a couve flor não conta com toda esta majestosidade, mas tem suas funções, sua riqueza, então simplesmente olhe ara o lado e dê a mão ao seu semelhante. Em tudo nesta vida, queiramos ou não, dependemos uns dos outros.

Não tenha receio de ser careta às vezes pois o mundo não vai acabar porque você parou para observar, ou porque você parou para dar um bom dia!.

Entrego minha mão, para um aperto sublime. Lembrem-se, mãos também podem ferir ou acariciar, como as plantas que podem salvar ou matar.

Lana Frances



sexta-feira, 8 de abril de 2011

A Evolução nos Treinamentos de Executivos - Série: Os Executivos Cap. 19 - (by Rogério Rufino)

O RH ou Recursos Humanos  vem ao longo dos anos assumindo uma importância cada vez maior dentro das organizações. Mas isto nem sempre foi assim. Antigamente ele era comparado ao Apêndice do ser humano. Um órgão cuja única finalidade conhecida era se infeccionar e mandar o pobre infeliz para a mesa de cirurgia. Depois se descobriu outras utilidades como, aumentar a receita dos  profissionais de saúde, e à vezes, das funerárias. Hoje, sabe-se uma de outra  função, que é o de provocar o crescimento de bactérias benéficas para o nosso organismo.

Da mesma forma, o RH vem evoluindo desde o seu surgimento nas mais priscas eras da humanidade, quando seus profissionais se limitavam a aterrorizar e torturar os pobres escravos. E ao longo da história podemos acompanhar esta evolução e sua consequente  humanização.

Os profissionais de RHs mais primitivos eram  conhecidos como carrascos, mas logo vieram os upgrades, e evoluíram para operadores de guilhotina, torturadores da Inquisição. Esta fase, que ficou conhecida como a época de ouro do RH, teve seu clímax na Gestapo de Hitler, e desde então o RH nunca mais foi o mesmo.

Nascia o RH New Age, assumindo uma forma meticulosamente lapidada e politicamente correta. Com advento da economia da terceira onda, das empresas de serviços, o brutal RH de outrora transfigurou-se ainda mais, assumindo contornos angelicais, sendo invariavelmente liderados por profissionais do terceiro sexo. Aliás o terceiro sexo no RH já está em primeiro lugar.

Várias vezes neste Blog, já mencionamos atividades do RH e para não variar, desta vez iremos falar na evolução dos treinamentos dos executivos, pois para os demais funcionários não existe evolução, marca-se cursos técnicos e pronto.

Mas com executivos a coisa é diferente, é uma frescura sem limites. No princípio os cursos eram bem espartanos, muita teoria  com uma ou outra dinâmica de grupo, discretíssimas.
Mas lá pela década de 90 apareceram as primeiras novidades e sem duvida a mais chocante foi:

A Biodança

Criada por um  antropólogo, psicólogo e bambi chileno, esta praga do Nilo fez a cabeça e o corpito de muito teóricos do RH de Pindorama há uns 20 anos. Denomina-se dança da vida, talvez por influência da dança do ventre, a diferença é que  a dança do ventre é praticada por mulheres bonitas e sedutoras e a biodança por qualquer um, incluindo marmanjos barbudos e barrigudos, que produzem espetáculos tristemente lamentáveis. Infelizmente todo e qualquer funcionário das organizações mais respeitadas daquela época tiveram que passar por este vexame. 

Usei de todos os expedientes possíveis para escapar da tal biodança, mas não foi possível, meu ex-querido chefe ao ficar sabendo que, eu era o ultimo dos moicanos fuzilou:
- pegue sua roupita de balé esteja lá amanhã, e tenho dito.

Logo que entrei  na sala enfeitada com motivos lúdicos, tipo gala gay, senti calafrios ao ver uns 20 marmanjos e apenas umas 4 meninas, liderados por dois profissionais de Biodança. Um paraguaio de barbicha,  que denominamos La garantia soi Jo e uma balzaquiana oxigenada, tipo odalisca do sexo, que chamávamos carinhosamente de Madona.

Mas até que tive sorte. Como se formaram duplas, acabei ficando com uma morena SS, toda cheia de curvas e no segundo dia até cheguei mais cedo para a tal biodança. Não lembro exatamente o que se passou ali, mas lembro-me de ter alisado, tocado, abraçado e beijado  minha companheira e vice-versa, uma beleza, tudo sob a orientação dos profissionais da biodança.  Como a maioria das duplas eram formadas por dois homens, vocês podem imaginar o estado lamentável de meus colegas durante os exercícios,  bem como,  devo ter sido invejado pelos pobresitos.

Jogos de Guerra

Churchil disse que a história da humanidade é a história da guerra e isto fez com que a criatividade do RH se expandisse. Eles perceberam que  a arte da guerra, poderá  ser uma material de inestimável valor para os executivos, que ali teriam noções de tática, estratégias, guerrilha, espionagem além de serem instigados a rápida tomada  de decisões.
Mais uma vez os consultores de treinamento fizeram a cabeça dos executivos e verdadeiros campos de batalhas foram criados e os executivos divididos em equipes que representavam os bad guys e os good guys.

E o que se viu foram cenas chocantes. Se no início do curso, haviam 2 equipes, no final haviam 10 , 15 equipes se digladiando entre si, numa ferocidade sem igual. Sangue, suor e lágrimas e principalmente traições e covardias. Tiros pelas costas eram ovacionados, quanto mais cruéis e chocantes, mais deliravam os executivos. As cenas que se sucediam,  as vezes eram hilárias, alguns executivos quando iam  atirar com suas paintball, fechavam os olhos, e assim que o estampido eclodia, eles davam um gritinho e atiravam a arma para o alto atingindo alguns pobres pássaros que passavam acima do campo de batalha, reduzindo assim nossa rica diversidade.

Toda a competitividade entre os executivos explodia ali em mil facetas e sequer prisioneiros eram poupados. A selvageria tomava conta e eles eram sumariamente executados e se as equipes do RH não retirassem seus “ corpos” eles seriam esquartejados.
Os RH percebendo a volta da barbárie,  resolveram a mudar a radicalmente o estilo dos treinamentos.

Tudo Pelo Social

Os RHs decidiram adotar então o estilo Hollywood, para cada filme de ação e pancadaria um filme meloso, água com açúcar. E criaram-se os programas humanizantes para os executivos, como se isto fosse possível. Podemos citar alguns deles:

1 – Cuidar de velhinhos nos asilos: muitos executivos choravam copiosamente no momento em que chamavam um ou outro aspone e terceirizavam esta atividade, não sem antes falar por meia hora sobre a importância e a beleza deste gesto que eles iriam fazer e também se auto-elogiavam pelo desprendimento , por repassar a outro tão nobre e prazerosa tarefa. Foi um fiasco total.

2 – Adotar um Menino de Rua: A princípio foi adotada por todos entusiasticamente, e alguns executivos empreendedores, já vislumbrando um novo negócio, montaram empresas de adoção e cuidados de menores abandonados, algumas com o sugestivo nome de PETstinhas. Ou seja, se não desse certo com os pestinhas serviria para os cachorros. Foi um sucesso, os executivos chamaram seus advogados que elaboraram os contratos de adoção, com cuidados terceirizados na PETstinhas e clausulas de reincidência, que foram acionadas simultaneamente um ano depois, quando o estilo dos  treinamentos mudou  novamente.  Naquele ano o numero de flanelinhas na cidade aumentou drasticamente.

3 - Troque seu cachorro por uma criança pobre: Esta modalidade nem saiu do papel com veto sistemático das esposas dos nobres executivos.

4 – Salvem a Natureza -  Esta foi a modalidade mais bem aceita, pois vários executivos fizeram imediatamente reserva em hotéis fazenda da região, onde passaram agradáveis fins de semana contemplando a natureza e bebendo até caír. A maioria sequer saiu do quarto, por esta razão o RH providenciou em cada quarto,  quadros de natureza morta, para garantir o sucesso do treinamento.

Logo em seguida, veio a onda do realismo de aventura, com treinamento em locais inóspitos do planeta onde os executivos recebiam suprimentos, equipamentos e tinham que cumprir uma determinada missão:

1)      Em Busca das Minas do Rei Salomão: Treinamento de aventura realizado no Deserto de Mojave, no Arizona. Os aventureiros executivos, com poucos suprimentos (bebida) tinham que cruzar o Death Valley e todo Mojave e encontrar  as Minas do Rei Salomão:  Las Vegas. O treinamento foi um completo desastre, metade dos executivos brazucas foi abatida a tiros pela imigração americana, confundidos com coiotes mexicanos. A outra metade nunca mais foi vista.

2)      Alive: Treinamento nos Andes, baseado no filme que conta a história das pessoas que para não morrerem de fome, passaram a comer seus companheiros mortos na queda do avião nas montanhas geladas. Foi outro fisco total, pois os executivos ainda dentro do avião, se envolveram numa carnificina incontrolável, que acabou provocando a queda da aeronave  que explodiu no gelo. Os executivos foram encontrados carbonizados com os dentes ainda cravados em seus companheiros o que prova que nem na queda eles deixaram de comer uns aos outros.

3)      Safari: Grupo de executivos levados para uma reserva do Quênia,  para registrar em fotos a beleza selvagem Africana. Este foi relativamente um dos treinamentos de maior sucesso, apesar de alguns executivos terem sido abatidos por man eater, leões devoradores de homens. Duas executivas  optaram pela vida selvagem tendo-se acasalado, uma  com um Gorila da Montanha e outra com uma chipanzé. Alguns executivos se tornaram contrabandistas de armas outros de diamantes. Quatro, no entanto retornaram ao Brasil  mas se filiaram ao PT.

Em algum capitulo no futuro: os sofisticados treinamentos de executivos da atualidade.
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