Marina I. Jones Os Executivos Aventura Humana Tecnologia Mundo Rural Colaboradores

sábado, 24 de abril de 2010

Capítulo 12 – Era Uma Vez Na América (Parte 2) (Série: De Executivo a Produtor Rural)

Voando Adoidado


Certa vez, já morando na América, recebi uma missão de acompanhar dois executivos coreanos para uma série de visitas a empresas de alta tecnologia no Canadá e Estados Unidos, buscando parcerias estratégicas de negócios ou o que quer que seja isto.


Well, coisa simples pensei: voei de Washington para New York no final da tarde e tive uma reunião rápida com os Koreans. Partimos na manhã seguinte para Quebec, se não me engano, ou Montreal, bem não faz muita diferença, o Canada no inverno é tudo igual: Paisagens brancas, misturadas a tons cinzas claros e escuros. Explico, você quando anda nas ruas ali, vê uma imensidão branca, a neve cobrindo tudo, com o asfalto escuro das avenidas e ruas serpenteando entre aquela paisagem polar.


Caminhões limpa-neve (snowplow), com lâminas acopladas na frente, removem toda a neve para que os carros possam transitar, e aí a fumaça dos automóveis vai tingindo de preto as bordas das ruas e avenidas, deixando tudo com aspecto de sujeira. Para completar, árvores completamente desfolhadas contemplam um céu cinza que parece tocar os tetos dos carros. Além do frio glacial, este é um dos motivos pelos quais os canadenses vivem praticamente nos subterrâneos das cidades.


A reunião foi normal, sem interrupções, com um business lunch, correndo em paralelo. À medida que um ou outro tinham uma pausa, pegavam um cold lamb sandwich e comiam o mais rapidamente possível.


O executivo chefe Coreano era um ator, e possuía lá seus cacoetes: quando ele ia falar, ele cruzava as mãos logo abaixo do queixo e começava suave e pausadamente, sempre assim: Anyway, ...


Anyway é similar ao Veja Bem, utilizado pela maioria dos executivos tupiniquins, quando não sabem uma resposta.


Presidente: - Mas Sr. CEO, por que nossa empresa está no vermelho?


CEO: - Veja bem Sr. Presidente, o dólar subiu e prejudicou nossas vendas (ou o dólar caiu e prejudicou nossas vendas).


É sempre ele, o Dólar, e claro, tem uma porção de outros clichês muito utilizados, mas esta é outra história. A verdade, é que eles servem apenas para escamotear uma má administração. Existem até livrinhos de auto-ajuda para executivos, com os mais requintados clichês para se usar nas reuniões do conselho de administração.


Para que vocês compreendam, universo dos Executivos, é preciso entender que eles possuem poses características, cada qual representando o nível de importância de cada um.


Por exemplo, um executivo iniciante jamais levanta as mãos acima da mesa, no máximo, segura uma canetinha ou apóia uma mão sobre a outra na mesa.


Um executivo mais graduado, como nosso amigo coreano, já cruza as mãos pouco abaixo do rosto.


Um super graduado apóia o queixo na palma da mão e levanta dois dedos, recostados à sua bochecha, na direção de seu olho.


Jamais vocês verão um executivo cruzar os braços como um jogador de futebol numa fotografia de final de campeonato. Isto é coisa de técnico.


Se o cara fica digitando em um notebook o tempo todo, ou ele é secretário, especialista em informática, ou trabalha na qualidade (digitam o tempo todo, pois imagino que tem o que se chama de correntes de idéias- stream of ideas,), coisa que muito surpreendeu o Albert Einstein, em sua visita ao Brasil. Nela, seu host brasileiro, de tempos em tempos, tirava um caderninho do bolso e fazia uma anotação. Einstein perguntou o que era aquilo, e o profícuo host explicou a ele que toda vez que ele tinha uma idéia nova, ele anotava. O host então perguntou ao Einstein se ele não fazia o mesmo. Ele respondeu que não, pois até aquele momento ele tinha tido uma única idéia na sua vida.


Lá pelas 3 da tarde, finda a reunião, corremos para o aeroporto para pegar um vôo das 5 horas. Chegando ao aeroporto, me deparo com uma alfândega (customs). Pensei, mas que diabos estes canadenses querem, nunca vi imigração pedir visto para um cara sair do país. O funcionário me pediu o passaporte e me perguntou o que eu ia fazer nos Estados Unidos. Respondi que ia me encontrar com Mr. Clinton, e que isto não era da conta dele. Claro, o rapaz ficou vermelho, e como não existia ainda o Bin Laden, ele deve ter pensado que eu era Carlos, o Chacal e me conduziu para uma sala, onde só então eu percebi que aquilo era a imigração americana, um posto avançado dentro dos aeroportos canadenses. Tive que usar de toda minha astúcia com a funcionária americana para poder me safar e pegar o vôo a tempo. A funcionária, no final da astúcia, fez a gentileza de mandar o comandante de vôo me aguardar, e naquele dia, fui o responsável, por atrasar um vôo comercial internacional, mais uma façanha deste nobre executivo que vos escreve.


Chegando á porta do avião, lá estava o Mr. Anyway me esperando, desta vez com outra pose, a de Bruce Lee.


À noite estávamos em Detroit, na manhã seguinte, em Los Angeles. Reunião pela manhã, mais poses nossas e de Mr. Anyway. Estávamos ficando especialistas nelas, já tínhamos até coreografias quase ensaiadas. À tarde voamos par Houston para mais poses, quer dizer mais reuniões. À noite chegamos de volta a New York, nos sentindo Master of the Universe, dois países e 5 cidades, coast to coast, em 2 dias.


Retornei a Washington de trem, pois já não agüentava mais ver avião. O trenzinho New York to Washington, até que é legal, não é tão rápido como os europeus e japoneses, leva umas 3 horas, chega a uns 160 km/h e é muito confortável. E o melhor de tudo, não tem nenhum executivo coreano nele.


To Be Continued

Capitulo 11 – O Financeiro (Série: De Executivo a Produtor Rural)

Não é tarefa das mais fáceis escrever sobre o Financeiro, pois ele é reconhecidamente o setor mais mal humorado da organização. Na minha época de executivo, quando havia um estagiário ou um trainee especialmente curioso, daqueles que faziam mil perguntas e atrapalhavam a concentração de todos no setor, a gente encaminhava o infeliz para uma missão suicida no Financeiro.

- Vá até o Financeiro e faça uma revisão no business plan do Projeto X.

E lá ia o menino saltitante e feliz, pensando em realizar seu sonho de participar do desenvolvimento de um plano de negócios de algum produto. Claro, em geral, nunca mais se tinha notícia do infeliz. Algumas vezes eles voltavam descabelados, trêmulos, como que fugindo de um fantasma. Ficavam repetindo palavras como: VPL, Payback, ROE, ROA, EVA, TIR, WACC, EBITDA e outras. Bem, se antes não tinham muita serventia, agora pelo menos não nos importunavam mais com perguntas.

Antigamente, o Financeiro se resumia a um contador, em geral um velho taciturno, de óculos fundo de garrafas, que vagava furtivamente pelos corredores estreitos das organizações, arrastando um pesado livro caixa, preso com espessas correntes aos seus tornozelos. Ele ia deslizando lentamente pelos labirintos mais sombrios da empresa, recostado as paredes, como um lagarto esquivando-se do seus predadores.

Dentro do grande livro caixa, em um compartimento secreto, fechado a sete chaves, estava um livro menor: o caixa 2, o qual continha o registro do dinheiro não contabilizado e não declarado ao IRS (Internal Revenue Service) ou Receita Federal.

Mas hoje isto tudo mudou. As empresas foram se modernizando, tornando-se mais éticas e a administração passou para o comando de executivos modernos, com especialização em Harvard, que de uma vez por todas, varreram para longe o tal caixa 2. Hoje ele está depositado em algum Paraíso Fiscal. A mudança ética foi tão profunda que hoje já existem 53 Paraísos Fiscais no mundo, para atender a demanda crescente do fervor patriótico pela moral e cidadania nas empresas: Caixa 2 nas empresas nunca mais, só nos Paraísos Fiscais!

Mas verdade seja dita, os problemas principais de uma organização estão efetivamente no Financeiro, pois é ele que, alem de controlar todas as finanças da organização, ainda tem que se virar para possibilitar que outros setores possam implementar suas idéias mirabolantes ou dependendo do setor, seus gastos inúteis e exorbitantes.

Na época dos contadores, na treva, não havia esta frescura. Eles trabalhavam apenas com Cash Flow (Fluxo de Caixa), que representa o saldo entre as entradas e saídas de capital de uma empresa durante um determinado período. Para tanto, os contadores não precisavam saber mais que 2 operações e utilizavam ferramentas sofisticadas para contar as receitas e os custos. Normalmente pedrinhas azuis para receitas e vermelhas para custos. E lá ficavam eles catando, separando as pedrinhas todo santo dia, e se o saldo das pedrinhas vermelhas fosse maior que as azuis, os patrões ficavam furiosos e pescoços rolavam literalmente.

Vem desta época ainda, está no DNA, o medo, o responsável pelo mau humor generalizado que se encontra em todos os Financeiros do mundo, exceto claro, nos governos, onde quanto mais pedrinhas vermelhas melhor, ainda mais que vermelho é cor de comunista e do MST.

Atualmente os economistas substituíram os pobres contadores, e aplicam conceitos sofisticados para lidar com o dia a dia da organização: carregam normalmente uma bagagem de conhecimentos espantosa (4 operações e planilhas Excel). E mais, utilizam um glossário de termos técnicos de causar inveja a engenheiros e especialistas de computação. Mas para os Executivos do Financeiro, o termo mais importante é sem dúvida o Break Even ou Ponto de Equilíbrio. Ele significa em economês o ponto onde as despesas se igualam aos ganhos e em “executivês”, o ponto no qual O Executivo Financeiro está prestes a cair de quatro após uma noitada regada a muito álcool.

Uma dos meus prazeres era montar um Business Plan. Não se pode realizar nada numa empresa sem ele, pois só através dele sabemos se um negócio é viável ou não. Como existem ferramentas prontas para isto, você com alguns conhecimentos pode elaborar um business plan, mas eu sempre chamava uma especialista do Financeiro, pois, lembrem-se a man got to know his limitations.

Como já expliquei em capítulos anteriores, um projeto depende de vários setores da organização, cada qual responsável por uma fatia dele. Mas, com eu já tinha uma certa experiência, montava o business plan sozinho ou com minha equipe, e depois consolidava, com as demais áreas, o que acontecia geralmente uns 6 meses depois de termos finalizado o business plan. Tempo este que o Marketing gastava nas pesquisas de mercado. A gente usava o feeling, o bom senso, e principalmente estudos de caso de empresas fora do Brasil.

A parte de investimentos é a mais fácil, pois os fornecedores te suprem com os valores a serem investidos. A projeção de vendas é a mais complicada, pois você tem que presumir qual a quantidade mensal do produto a ser vendida e estabelecer preços factíveis a serem praticados. Isto mais alguma coisa como os custos operacionais, te dão a base para o business plan. Aí é só chamar o especialista do Financeiro, e rodar o business plan fazendo as inferências necessárias até que ele dê uma taxa de retorno dentro dos padrões estipulados pela empresa.

Business plan pronto, com a ajuda valiosíssima do Financeiro, tínhamos que aguardar as famosas pesquisas de mercado do marketing. O plano de negócio ficava ali, engavetado por meses a fio até que finalmente lá vinham eles com suas assombrosas pesquisas, apresentadas nas mais modernas técnicas multimídia, parecendo um show pop star. No final, os nossos dados eram muito parecidos com os da pesquisa do Marketing, o que nos fazia supor, que as pesquisas foram realizadas por consultores, que analisaram nosso business plan e elaboraram os resultados da pesquisa e cobraram uma pequena fortuna para isto.

E depois vinha o pessoal da operação, com os custos operacionais: olha para operar este novo serviço, precisamos contratar mais uns 15 técnicos, 5 engenheiros, 3 administrativos, blá blá blá. No final, após muita discussão, choro e ranger de dentes, a operação saia praguejando, com nossa decisão de não contratar mais ninguém para o novo serviço. Na verdade, a empresa ainda demitia alguns no final do ano, só para não perder o costume.

Mas o duro mesmo, era o pessoal de sistemas: ah isto é impossível, só daqui há um ano poderemos fazer estas mudanças. Uma mudança assim vai exigir uns 10 programadores, duplicação de memória, adaptação do billing, e provavelmente duplicar os processadores.
- Mas não entendo, é só um servicinho flat rate (tarifa fixa);
- hummm, mas vai que um dia ela fique variável, temos que estar preparados;
- Vamos assinar um contrato em cartório que isto não vai acontecer, está bem?;
- Bem, neste caso é só inserir um código no sistema. Nosso estagiário vai fazer hoje mesmo, e passe bem.

Ufa, mais uma etapa vencida. Para o pessoal da computação, mudanças em curto prazo são aquelas que se realizam de 1 a 5 anos. Uma mudança em longo prazo não se implementa em menos de 1 século. Na verdade um arqueólogo e um especialista em sistemas de informação têm muita coisa em comum.

Já a turma da engenharia era mais modesta: isto vai exigir uma profunda reestruturação em nosso backbone, e a aquisição de mais cem Workstations, dez laboratórios portáteis montados em veículos anfíbios, um helicóptero de supervisão com infravermelho de visão noturna e o mais importante, curso de três meses nos Estados Unidos para 10 engenheiros. Para sorte nossa e da empresa, sempre havia os cortes orçamentários, e estas bobagens exigidas ficavam sempre para o próximo ano.

Logo a seguir vinha o pessoal da qualidade, exigindo elaboração de quinhentos fluxogramas e 1.200 procedimentos operacionais. Eu ficava lá vendo eles falarem aquelas coisas esquisitas: 5S, 5W 2H, Diagrama de Pareto, Shake and Down etc, e pensava, o que é que eu fiz para merecer isto? Mas eles eram inofensivos, e pelo menos não exigiam grandes gastos, só papelada inútil. Pensando bem, aquele monte de normas e procedimentos, que nunca serviriam para nada, no final ficava mais caro que as excentricidades das outras áreas.

Depois tínhamos que ouvir outros setores tão inexpressivos e desnecessários que mal lembro o nome.

E, finalmente, sentávamos, com o RH. Eles, sorriam, falavam que estava um dia lindo, sugeriam trocar a capa do documento por uma floral, mais atraente e menos formal e ...(longo silêncio).. Olhavam para o relógio, davam um pulinho da cadeira e saiam apressadamente dizendo que tinham uma importante reunião.

Finalmente, vencidos todos estes obstáculos, apresentávamos o business plan original para o board, em geral, aquele mesmo de 6 meses atrás, sem nenhuma alteração.
E assim caminha a humanidade.

domingo, 18 de abril de 2010

Capítulo 10 - A Operação ou Os Quadros Operacionais em uma Empresa (Parte 1)

 Toda empresa para funcionar, precisa de um quadro de executivos ávidos de poder, mas para que este poder possa ser exercido é necessário, embora muito a contragosto dos executivos, uma classe numerosa de pessoas, para compor o setor conhecido nos bastidores da empresa como A Operação.


Os funcionários do operacional não possuem o glamour nem o refinamento dos executivos, mas tem lá suas virtudes. Cineastas tupiniquins já se referiram a eles como: A Classe Operária Vai ao Paraíso, desde que passem desta vida para outra melhor e não tenham praticados atos vergonhosos em sua existência, fator que reduz em muito a quantidade de expoentes da operação no paraíso.


Os altos dirigentes são particularmente sensíveis e tem alta estima pelos funcionários da operação, pois são eles que efetivamente carregam a empresa nas costas, principalmente nas mudanças, carregam os computadores, as mesas, os armários e carregam até mesmo, os executivos temerosos de se sujarem naquela bagunça toda.


Os consultores costumam sempre lembrar que sem a classe operacional não haveria mudanças radicais nas organizações, e provavelmente, só existiriam empresas ainda na Inglaterra, pois foi lá que começou a Revolução Industrial. É graças a estes bravos funcionários da Operação, que podemos hoje usufruir de todos os benefícios da globalização.


Nas convenções de final de ano, são eles os grandes responsáveis por garantirem uma platéia numerosa, para que o presidente se sinta prestigiado e confortável ao fazer seu discurso de improviso, preparado com três meses de antecedência. Antes de iniciar a sua oratória, ele pergunta baixinho no ouvido do diretor de RH:


- O operacional são aquelas pessoas feias, sujas e mal vestidas que estão sentadas ali na galera?


- Sim senhor, responde o RH, fizemos o melhor possível, até os vestimos com camisetas iguais, para que o senhor possa reconhecê-los. O presidente então, virando-se para a turba operacional, solta o verbo:


- Vocês, meus estimados companheiros do operacional, são os esteios desta empresa, os grandes responsáveis por manter esta nau em seu devido curso, principalmente por remarem, mesmo famintos e sedentos, 24 horas por dia. E mais, os senhores também são os grandes responsáveis por permitirem que ano após ano, mantenhamos as tradições e façamos nossas mudanças radicais de praxe, eliminando anualmente, metade desta laboriosa classe. Mas os destituídos são sempre reconfortados com o FGTS e cinco meses de salário desemprego, que sabemos, é objeto de desejo da maioria dos senhores. Um presente de natal! Vejam como a empresa tem nos senhores consideração: seus desejos requerem que façamos cortes, cortes profundos e doloridos, que nos tiram o prazer de encontrar novamente pelos corredores, muitos dos Zés da Silva, que antes infestavam a organização como pragas de gafanhotos do Nilo, e que ficarão para sempre nas gravados em nossas memórias, instaladas em nosso imenso parque de computadores, para que não cometamos o erro de contratá-los novamente.


Ouvem-se então aplausos ensurdecedores, puxados pelo líder do RH, e o presidente sorri magnanimamente.


As empresas atualmente se dividem basicamente em dois tipos, utilizando-se uma metodologia preconizada por Alvin Tofler.
As da Segunda Onda, representadas pelas empresas fabris, nas quais o importante são os recursos físicos: equipamentos, matéria prima, o trabalho do ser humano e, naturalmente, o capital. Os funcionários da Operação nestas empresas são chamados de operários, e normalmente possuem modestas ambições, tornando-se no máximo presidentes da república.


Já as empresas da Terceira Onda, são representadas pelas Empresas de Serviços, no qual o importante é o conhecimento. Nestas companhias os representantes da Operação são chamados de colarinhos brancos, na realidade coleiras de identificação contendo GPS, para que eles não durmam em algum canto sem que ninguém perceba.


No início, a falta de conhecimento era até bem vinda para as empresas da segunda onda, pois o importante mesmo era a destreza manual e agilidade motora dos trabalhadores, necessárias para os processos repetitivos das linhas de montagem. Estas qualidades eram igualmente muito apreciadas entre os trabalhadores, pois quando se faziam as greves nacionais e tão logo chegava a polícia, os mais ágeis sempre se salvavam, enquanto que os mais fracos eram eliminados a golpes de cassetetes e balas perdidas. O grande naturalista Charles Darwin, se baseou nestas observações para elaborar sua conhecida Teoria da Evolução.


Nas empresas da Terceira Onda, a destreza manual e agilidade, com exceção dos funcionários de caixas de bancos, são atributos sem serventia. Nestas empresas valorizam-se muito mais o conhecimento do funcionário e raciocínio rápido. O conhecimento serve para identificar erros que o funcionário comete, e o raciocínio rápido para que ele possa culpar alguém ou arrumar uma boa desculpa e se safar perante seu executivo chefe. Este, por sinal, usa as mesmas técnicas para se safar perante seu superior, numa cascata interminável. No final, como sempre, os demitidos são sempre os porteiros, os grandes responsáveis por tudo de errado que acontece em qualquer empresa.


Como foi dito, as empresas de Terceira Onda são conhecidas como empresas de serviços. Como exemplo, podemos citar os bancos, as financeiras, as mídias impressas e televisivas, as empresas de internet, as empresas de turismo, as empresas de software, etc.


Dentro da Terceira Onda ainda existe outra classe, conhecida por Empresas Sem Serviços, que são representadas pelas estatais, órgãos públicos e governo, nas quais, os funcionários da operação ficam ali matando moscas e contando os minutos que faltam para encerrar o expediente.


Antigamente, a operação era muito utilizada pelos sindicatos como massa de manobra, para as grandes mobilizações nacionais, em busca de melhores salários e redução da jornada de trabalho. A operação se postava nos pátios ouvindo os discursos pseudo-marxistas dos Guevara, os representantes do sindicato. Grandes bandeiras vermelhas de pequenos partidos (quanto menor o partido maior a bandeira) eram agitadas nas manifestações por agentes infiltrados, buscando aparecer em cadeia nacional. No final as bandeiras realmente saiam em algum telejornal, e grande parte da operação ia para as cadeias municipais depois que a polícia entrava em ação.


Com o fim da União Soviética, os sindicatos que eram sempre de oposição ao governo desapareceram, e não tendo mais o que fazer, assumiram o governo, onde continuam sem ter o que fazer.
As operações em geral permanecem fazendo a mesma coisa, mas com ganhos adicionais como bolsa ensino, bolsa família, e outras bolsas. Já As Operações de empresas mais requintadas, recebem bolsas Louis Vitton, D&G, Dior, Prada e Dolce Gabanna.

To be Continued

sábado, 17 de abril de 2010

Era Uma Vez na América (Parte 1) - Série: Os Executivos - Cap. 9

Minha primeira viagem aos EUA foi em 1991, e neste tempo eu era um pré-executivo. Sim executivos, também tem cinco fases: a pré-história, ascensão, apogeu, declínio e extinção.


Na pré-história, eles ainda são técnicos de futuro e como eu já comentei em outro artigo, são conhecidos com o ser pensante da organização: pensam, sobretudo, em tomar o lugar do chefe imediato, e assim por diante.


Na ascensão, o executivo já se tornou um caçador, e provavelmente já fez algumas vítimas iniciais, sendo coroado Executivo Junior ou agente 003, com permissão para falar mal e provocar os inimigos: os chefes.


No apogeu, ele já é ”o cara”, o executivo conhecido na organização. Esta é sua fase 007, tem licença para matar, principalmente outros executivos, que por incompetência ou preguiça, estão atrapalhando sua caminhada ao poder. As vitimas se sucedem, e vão sendo jogadas no porão, conhecido como corpses gallery.


Na fase de declínio, ele já é uma estrela super nova, já atingiu seu brilho máximo. De caçador, ele passa a ser caçado, principalmente por executivos do tipo avatar (Search and Destruction). No meu caso eles eram conhecidos como João Penca e seu Miquinho Amestrado.


A extinção é o passo a seguir, e como os dinossauros, os executivos são exterminados por algum evento do tipo ELE (Extinction Level Event), um executivo meteorito de grande porte.


Bem, mas onde eu estava mesmo? Ah sim, indo para a América pela primeira vez, convidado para um tour de 10 dias por uma gigante multinacional. Junto comigo, outros dois Brazucas, de outras empresas. E lá vamos nós, rumo primeiramente a Las Vegas, onde participaríamos primeiramente de uma convenção no Caesar Palace, um Hotel ainda hoje grandioso, e famoso por sediar aquelas lutas de boxe, no tempo que alguém ainda assistia lutas de boxe.
Tudo muito bom, só que nosso host era do tipo elétrico, e ficava nos levando para lá e para cá, feito um bando de malucos. Meus companheiros, claro, adoravam deslumbrados que eram pelo way of life dos americanos. Era assim, café da manhã às 7 com diretores da empresa, depois as apresentações na convenção, almoço com mais diretores, mais palestras, demonstrações chatíssimas de equipamentos, e pasmem, uma luta de boxe pelo titulo mundial nas arenas do Caesar Palace. Lá fomos nós apressados, caminhando entre as imensas piscinas azuis, lotadas de barquinhos, pois não se podia nadar ali, sob riscos de se cansar e não mais se conseguir retornar às margens. O melhor mesmo era velejar. Coisas de Las Vegas. A luta era interessantíssima, um bando de americanos torcendo feito crianças: Go Taylor! Go Taylor. Não tenho a menor lembrança de quem estava lutando. Lembrei-me de Nicolas Cage gritando isto para um lutador de boxe em um de seus filmes. Claro, depois de 10 minutos vendo aquele frenesi, saí de mansinho e fui dar uma caminhada pelas ruas de Vegas.


Era inverno, e a temperatura até que estava agradável, bem diferente de quando você vai ali no verão e o vento do deserto sopra 24 horas por dia a uma temperatura por volta dos 40 graus, e você se sente entrando no inferno de Dante.


À noite, jantar com convidados e depois o show com uns mágicos que usavam uns tigres brancos, que cheguei a ver na televisão no Brasil depois. Claro, em cinco minutos já estava dormindo, com aquela palhaçada toda, para desespero de meus colegas. No final, eles me acordavam, e ficavam teorizando sobre como os mágicos faziam sumir até elefantes no palco e eu ficava lamentando porque os mágicos de plantão não fizeram o mesmo com meus companheiros de viagem.


Descíamos então para o cassino, jogar umas moedinhas nos caça níqueis e isto já era madrugada. Joguei, ganhei uns caraminguás e fui dormir. Mal deitei, o telefone tocou, e a voz grave do host falando:


- Estamos esperando você para o café da manhã, vista-se e arrume uma malinha de roupas que vamos voar para o Grand Cânion!


Em uma hora estávamos subindo a bordo de um avião que me lembrava a segunda guerra, e planamos a caminho Del Buracon. Algum tempo depois pousamos sei lá onde, e fomos correndo ver o por do sol no Grand Cânion. Eu fiquei de costas conversando com o host, que também já não agüentava mais ver aquele espetáculo. De repente, os turistas gritam e batem palmas. Eu pensei: jogaram alguma velhinha lá embaixo. Que nada! Era o sol se pondo, num espetáculo laranja, que coloria toda imensidão del Buracon, de tons... laranjas. Mas as pessoas juram ver ali todas as cores do arco íris.


Depois jantamos num destes restaurantezinhos americanos, estilo cowboy, com música e comida country. Saímos dali e fomos caminhando até o hotel, num frio de incomodar esquimó. Chego ao meu quarto, olho a pia, era como a dos aviões, você aperta uma válvula, ela jorra uma xícara d’água e logo se fecha. O banho a mesma coisa, um horror! Turista é um bando de gente besta mesmo.


De manhã, mal nos levantamos e fomos arrastados a outro aviãozinho, sob meus protestos:


- Mas este aí só tem uma hélice! Eu não vou voar nisto, vou arrumar uma mula!


O host impassível falou:


- Esquece, temos que pegar um vôo em Vegas para New York a tal hora e não tem mula aqui capaz de levar você a tempo!


Leaving Las Vegas. Chegamos a New York à noite e fomos nos hospedar em um hotel chique francês, que possuía serviço de quarto e frigobar. Pronto, pensei, pelo menos uma noite tranquila. Mal terminei meu pensamento e o telefone tocou. Era o host nos convidando para uma partidinha de basquete do New York Lakers. Lá fui eu de novo, assistir o espetáculo dos grandalhões correndo atrás de uma bolinha e, claro, escapuli assim que o host se entusiasmou com uma jogada.


No outro dia: visitas a um laboratório mundialmente famoso e voltamos cheios de canetinhas, agendinhas, enfim vários espelhinhos. Depois, churrasco americano na casa do chefe dele em New Jersey.


Até que a tarde passou rápido: fomos a um bar, e um dos meus companheiros de viagem teve que sair dali carregado, de tanta bebedeira.


Voltamos a New York no carro esporte alemão do host, e o companheiro bêbado veio batendo a cabeça a cada curva que o veloz bólido fazia nas estradas sinuosas. Chegando a New York, fomos a um show qualquer, menos o bêbado, que foi cuidar dos galos recém adquiridos.


Lembro que em Vegas ainda, me levaram para assistir um cinema 180 graus, que passou um filminho sobre a natureza, começando com uma mar de florzinhas em alguma parte do globo e um locutor falando das belezas das zzzzzzzzzzzzzzzzz.


To be continued.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

O Marketing ou Vamos Fazer uma Pesquisa de Mercado - Série: Os Executivos - Cap. 08

A Área de Marketing das empresas de alta tecnologia é a mais glamourosa da organização, pois ela tem o sex appeal, e seus ocupantes são, em geral, pessoas que sonhavam em  trabalhar na televisão e aparecer na mídia especializada em celebridades mas não deram certo, e assim, acabaram no Marketing.

Um dos primeiros diretores de Marketing da empresa, o tolo Simplício, tinha suas excentricidades. Era um indivíduo fashion, sempre antenado nas últimas tendências da moda parisiense. Ele alternava ternos nas cores tradicionais com modelitos verde-limão, lilás e laranja. Isto até facilitava as coisas para nosso CEO, dada sua incapacidade de decorar os nomes dos integrantes do Board. Nas reuniões diárias (stand-up meetings), ele freqüentemente chamava o diretor pelos nomes de Fanta Limão, Fanta Uva e Fanta Laranja, dependendo da cor do modelito que ele estivesse usando. Definitivamente era um diretor arco-íris.

Os demais integrantes do Marketing se dividem em Metrossexuais e Giseles Bundchens. As Giseles causam vários transtornos à organização, principalmente quando caminham pelas baias da organização, chutando tudo quanto é lata de lixo com seus andares gingados e esperneantes, tirando a concentração dos funcionários e consequentemente,reduzindo a produtividade da empresa.

Já os Metrossexuais (ala masculina das baianas do Marketing) não causam maiores problemas, exceto pelo gasto excessivo na aquisição de espelhos para assegurarem que suas imagens estejam sempre impecáveis. Esta tendência pelo uso exagerado de espelhos é visível até mesmo na principal sala de reuniões do Marketing, a qual possui uma grande mesa central, redonda, vibratória e com espelho no teto.

Normalmente, uma empresa terceiriza atividades não fins: tudo aquilo que não está relacionado com seu negócio, ela contrata de terceiros. No Marketing deveria acontecer a mesma coisa, mas como seus ocupantes são expoentes da fogueira de vaidades, narcisistas ao extremo acontece ali algo curioso: é o único setor da empresa que terceiriza a inteligência, um bem considerado dispensável pela celebridades.

O Marketing é dividido em vários bloquinhos, e vou comentar sobre alguns deles, que seguem a mesma cartilha: qualquer problema, contratamos uma pesquisa de mercado o que podemos exemplificar no seguinte diálogo real entre o CEO e o diretor de Marketing:

CEO: - “ Bom dia caro diretor de Marketing”.

Diretor de Marketing pensativo: - “Não sei ainda Sr., mas vou encomendar para já uma pesquisa de opinião para saber”.

O primeiro bloquinho é ocupado por nada menos que ele, O Diretor de Marketing ou o porta voz da empresa junto aos meios de comunicação. Ele também é conhecido como: Desperately Seeking Cameras.

Atualmente estes postos são preferencialmente ocupados por executivos do sexo frágil, que se apresentam melhor na televisão e são mais conhecidas na empresa como Bonitinhas Mas Ordinárias.

Elas são contratadas no mercado de uma maneira semelhante ao utilizado na aquisição de cavalos, escolhidas pela perfeição de suas arcadas dentárias. Essa prática também foi muito utilizada no passado, para aquisição de escravos. E isto por uma simples razão: é preciso que tenham um belo e caliente sorriso na telinha, contribuindo para passar uma imagem positiva da empresa junto aos telespectadores.

Normalmente as empresas avaliam os Diretores de Marketing pelo Ibope. Tendo eles um alto índice, significa que muitos telespectadores ouviram suas ladainhas sem sentido na televisão. A diretoria de Marketing, no entanto, utiliza pesquisas de satisfação de clientes para avaliar seus subordinados.

Um componente fundamental do Marketing é o setor de inteligência de mercado: responsável por identificar o que os concorrentes estão tramando. Isto é feito através de pesquisas pagas a peso de ouro. Toda a semana, a IM faz apresentações para o Board dos dados coletados.

Estas apresentações são muito demoradas, mais que um discurso do camarada Fidel. São tantos os dados repassados ao sonolento Board, que, no final da apresentação, ninguém se lembra de mais nada e mesmo que alguém se lembrasse, a própria inteligência de mercado não saberia o que fazer com tantas informações inúteis.

Dentro do Marketing, existem ainda os gerentes de produto, que são responsáveis por coletar dos sistemas de informação da empresa, os dados de venda, cancelamento, ou seja, a performance de cada serviço na organização. Eles também fazem longas apresentações mensais ao Board, conhecidas como a última sessão de cinema. Na verdade, todos na organização podem coletar estes dados on line, diretamente nos sistemas da empresa, mas até agora, ninguém pensou nisso.

Antigamente, as empresas eram divididas em engenharia, operações e Alta Direção, e mais alguns setorezinhos considerados insignificantes no velho modelo organizacional.

Com a ascensão principalmente do Marketing, com todo seu Glamour, a engenharia entrou em franco declínio, pois ela não podia competir diretamente com as celebridades, e foi englobada pelo Marketing, permanecendo lá com o pomposo nome de Desenvolvimento de Serviços. Ali, dentro do Marketing, estão os últimos dinossauros da era da supremacia da inteligência nas empresas. Este setor, é claramente estigmatizado pelos outros ocupantes do Marketing, que se dependesse deles já teria sido terceirizado há muito tempo.

Isto torna o relacionamento entre o Marketing e o pessoal de desenvolvimento de produtos quase impossível. As barreiras são intransponíveis. Por exemplo: enquanto o desenvolvimento trabalha no lançamento da, por exemplo, tecnologia ADSL, conhecida mundialmente por este nome, o Marketing, propriamente dito, resolve contratar uma consultoria e uma pesquisa de mercado, para auxiliá-los na reunião de Brainstorm, que irá definir o nome a ser utilizado pela empresa para o serviço. A área técnica da empresa denomina tais reuniões de festive meeting, revelando todo mau humor e rancor que lhe é peculiar.

Geralmente é escolhido um hotel fazenda para o tal Brainstorm, e os ocupantes do Marketing chegam em caravanas, carregando suas avantajadas malas, lotadas de peças de roupa e lingerie. Portam ainda uma nécessaire contendo todos seus apetrechos de make-up (maquiagem, espelhos tridimensionais, secadores de cabelo e pranchas).

Um dia após a chegada, ao acordarem, lá pelas 5 da tarde, todos vão para uma caminhada no campo, para sentirem o frescor da natureza e se desintoxicarem dos excessos cometidos no bacanal que se estendeu pela madrugada afora. Saem todos descalços, semi-nus dando gritinhos como um bando de bambis na relva. E lá vão eles e elas, dando risadas, gritando, e apontando para os animais selvagens, na verdade porcos, galinhas e vacas. À noite outro bacanal, regado a muito álcool.

O Brainstorm propriamente dito, ocorre uns três dias depois, quando finalmente conseguem fazer uma lista de nomes a serem avaliados pelo diretor da área. Como adsl, é uma tecnologia que possibilita o acesso internet em alta velocidade, eles escolheram: Barrichello, ligeirinho, e papa-léguas.

O diretor de Marketing, ao receber a lista, vai correndo apresentá-la ao CEO da Empresa, que fica intrigado, e pergunta:

- Mas por que esta homenagem para mim? Por que o Ligeirinho sou eu, não é o que vocês vivem dizendo?

Meses depois, a empresa lança seu serviço Barrichello, e como a resposta do público é nenhuma, o Marketing contrata uma pesquisa para identificar o problema. O resultado da pesquisa é esclarecedor, ninguém sabe o que é Barrichello, mas a maioria já ouviu falar em adsl.

O Marketing, vendo este erro dos clientes ignorantes, contrata então diversas agências de publicidade para explicarem o que é o produto Barrichello a eles. Quando os clientes estão mais ou menos conscientizados, sai a tecnologia de alta velocidade internet celular 3G e o Marketing recomeça tudo de novo, jogando uma pá de cal no Barrichello: primeiro uma consultoria, depois uma pesquisa de mercado e finalmente o Brainstorm, e lá se vão as gazelas saltitantes de novo arrumarem um novo nome para o 3G.

No próximo capitulo: Marketing (Parte 2)

sábado, 10 de abril de 2010

O Famigerado Recursos Humanos (Parte 2 – A Demolição) - Série: Os Executivos - Cap. 7

Este artigo é continuação do capitulo 5, e somente hoje foi liberado pela censura.


Outra atividade do RH é a estruturação da impagável, da inenarrável convenção anual, que reúne a alta direção e todos os seus funcionários.


Antigamente estas convenções aconteciam em barracões da organização, em galpões de cerealistas, em quadras de futebol, ou seja, eram reuniões espartanas. Os pobres funcionários ficavam de pé, às vezes no sol escaldante, ouvindo discursos intermináveis, de todos os integrantes da alta direção. Um ambiente propício para confusões. E elas surgiam frequentemente, asi no mas.


No meio de um discurso qualquer, mulheres gritavam aterrorizadas:


- Ratos!


E em segundos, todos os funcionários corriam desesperados. Isto ficou conhecido como a disparada, pois sempre acontecia nas convenções, e serviu de inspiração para o Geraldo Vandré, antigo compositor da esquerda festiva, criar uma cançao que possui este nome, para um festival de musica popular brasileira. Esta canção, por sinal, foi uma das motivadoras para o fechamento do Congresso Nacional em 1968, o que prova os riscos para a sociedade, causado pelas convenções anuais das empresas.


Felizmente, no meio da confusão, sempre aparecia um funcionário, tipo Schwarzenegger que gritava:


- Calma cambada, eu mato os ratos!


Aí, a turba ululante subitamente parava a correria, mas outro movimento, como numa ola, acontecia: os chefes e a alta direção saíam em disparada, pois o funcionário musculoso não citou os nomes dos ratos, então era melhor se prevenir. Mas esta é uma história antiga do capitalismo selvagem.


Mas vamos aos dias atuais. Hoje tudo mudou. Os funcionários são considerados pelos executivos, como o maior patrimônio da organização, pois sem eles não haveriam tantos postos de trabalho para eles, Os Executivos. É verdade que os acionistas veem com reserva esta decantada importância, mas aceitam o fato, contribuindo para a estabilidade econômica e social de seu país e principalmente por reduzir seus gastos com o imposto de renda.


A Convenção anual hoje, se realiza em modernos anfiteatros com ar condicionado central e poltronas confortáveis. A turba vai chegando aos poucos, e um fausto café da manhã os espera. Após se locupletarem de guloseimas, se dirigem aos seus lugares, afagando a pança e palitando os dentes. À frente deles, em um palco formidável, de provocar inveja aos artistas musicais tupiniquins, estão sentados todos os membros da alta direção. E assim começa o show: com os acordes iniciais do Hino Nacional. A galera em uníssono, sob a batuta do diretor de RH, que faz gestos enérgicos, se levanta e começa a cantar ou a fingir que canta, pois ninguém se lembra da letra do hino. Repentinamente, o telão se converte em teleprompter e agora a letra do hino está visível para todos. Muitos, acreditando que aquilo é uma seção de karaokê, solicitam microfones às cheerleaders do RH, assistentes de palco, que a esta altura já estão sacudindo compassadamente seus pom poms.


No alto do palco, os membros do alto escalão, como numa coreografia ensaiada, jogam uma perna para a frente e colocam a mão no peito. Alguns choram copiosamente, revelando todo o patriotismo deles, os Altos Executivos. Para variar ele, o Diretor de RH, passa dos limites, e faz a saudação nazista e solta gritinhos de Heil Hitler, recebendo prontamente uma traulitada do Presidente, e sai catando cavaco, até se despencar do palco, sendo amparado prontamente por sua equipe, sempre a postos, antes de se estatelar no chão de granito.


Terminado o hino, o diretor de RH abre a seção solene, e chama ele, o imprevisível, o desprezível, o abominável Mr. M, um personal trainer da organização, que pede à galera para se levantar e tem início aquela coisa ridícula de ginástica rítmica. Ele é especialmente cruel com a alta administração, pois intima cada um deles a entrar no rebolado, e a platéia delira, com os movimentos de quadris do alto-escalão. Um ou outro acaba soltando a franga e requebrando entusiasticamente, para desespero do Presidente que manda imediatamente parar a palhaçada, antes que os executivos assanhados, transformem a convenção em um Gala Gay.


Depois seguem as apresentações dos diretores de cada área da empresa e o coffe break. Em seguida, especialmente convidados pelo RH, sobem ao palco um casal de velhinhos e uma molecada: uma família de velejadores ao redor do mundo, que contam histórias interessantíssimas como o dia em que choveu forte e eles no meio do oceano, esqueceram de fechar umas das janelas do barco ou o dia em que avistaram um golfinho dando piruetas ao lado do barco.


Claro, neste momento, as poucas pessoas da platéia que ainda estavam acordadas, estavam na maior algazarra, para desespero do diretor de RH. O presidente, vendo aquele espetáculo patético, tira o microfone das mãos dos palestrantes marítimos, que saem praguejando e exigindo o cachê integral.


O presidente então finaliza a reunião, disparando alfinetadas contra todos os membros da alta cúpula, que vão se abaixando paulatinamente em suas poltronas. No final da apresentação, o presidente pede uma salva de palmas para as poltronas vazias, ou seja para os altos executivos que agora estão rastejando pelo chão. Eles, pouco a pouco vão se levantando, como cobras de um encantador de serpentes, mas estas, pelo menos, não são tão perigosas.


E no final: o gran finale. O diretor do RH distribui uma polpuda cesta básica para cada um dos funcionários, que saem carregando seus saquinhos de 50 kg para fora do anfiteatro.


O presidente, já do alto, em seu helicóptero, olha pela janela panorâmica e diz para o Vice Presidente:


- Você precisa mandar dedetizar os jardins, olha a quantidade de formigas na saída do anfiteatro!


O Vice, nervosamente pega o celular, e grita instruções para o diretor de operações, exigindo uma solução rápida, nem que seja na base do napalm.


Mas é aí que entra em ação o diretor de RH:


- Calma Senhor, aqueles são nossos camaradas carregando suas cestas básicas.


Recebe outra bordoada do presidente, pois camarada é coisa de comunista, e se agarra desesperadamente no trem de pouso do helicóptero, pois a porta ainda estava aberta.


Ah sim, ia me esquecendo. O RH também organiza a convenção anual dos executivos do grupo, mas ela acontece em salas de reuniões de hotéis localizados em lugares paradisíacos mundo afora. O show é muito parecido, mas claro, não há distribuição de cestas básicas, apenas notebooks, iphones e outras cositas mas.


Outra inovação do RH, é a criação de grupos interdepartamentais para o desenvolvimento de um novo produto ou negócio.


Antigamente um produto era criado por um líder de projeto mais uma equipe mínima, e os projetos saíam rapidamente e bastante precisos. Mas isto não era muito bom, pois requeria um staff mínimo, comprometendo a criação de novos postos de executivos, tornando necessária a intervenção do RH, para salvaguardar os interesses da classe.


Primeiramente foram introduzidas as equipes interdepartamentais e depois as multi-departamentais, nas quais se alocava um indivíduo de cada área da organização, mesmo das áreas, que só por videoconferência era possível a presença do membro distante da equipe, pois se fosse pegar um vôo para participar das reuniões não chegaria a tempo. Daí nasceu a necessidade do teletransporte, como descrito no capítulo 4.


A primeira reunião, que acontecia no mesmo auditório da convenção anual, dada a quantidade de membros da equipe do projeto, iniciava-se pela apresentação de cada um dos participantes.


- Meu nome é fulano de tal, sou do signo de aquário, tenho 25 anos, trabalho no departamento de Viabilidades Estratégicas Nebulosas, e estou aqui para somar, desde que não sejam contas muito grandes, pois tenho deficiência em matemática, e bla bla bla.


A platéia:


- zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz


Lá pelas 5 da tarde, quando termina a última apresentação, entra no auditório, o CEO da empresa, pedindo a eles que deem um nome ao projeto. Após alguns minutos de disputas verbais a equipe chega a um consenso e apresenta dois nomes ao CEO. Ele olha aquilo e sugere:


- Vamos decidir no par ou ímpar, pedindo a 2 participantes para jogarem ao seu sinal, que ele informará o resultado à toda equipe, definindo nome a ser utilizado no projeto.


- Um, dois, três e já!


Faz-se um longo silêncio e os jogadores permanecem com seus dedos em riste, um deles já sentindo as primeiras caimbras e a platéia espera ansiosamente o presidente dizer qual dos dois foi o ganhador.


O CEO, parecendo ausente fica alí olhando fixamente para a porta da adega da sala, até que um dos membros da equipe, arrisca e pergunta.


- Então chefe, quem foi o ganhador?


O CEO, subitamente recorda o que foi fazer ali, olha para as mãos dos jogadores, um dedo levantado cada um, e dá o veredicto:


- Empate! Joguem novamente ao meu sinal.


Algumas jogadas depois, finalmente o CEO define o nome do projeto.


Dois anos depois, quando o projeto entra em sua fase final, acontecem acaloradas discussões técnicas entre os especialistas do projeto. O membro do RH, que até então se manteve num silêncio sepulcral, resolve então dar sua preciosa contribuição:


- Proponho uma dinâmica de grupo para resolvermos esta questão, se vamos utilizar esta coisa aí de frames assíncronos de 48 bits ou 64 bits. Temos um casal, especialista em biodança que ajudará bastante: faremos um teatrinho, cada um representando um equipamento ou software, você será o router, ele a switch ATM e assim por diante.


Bem, vou interromper por aqui, pois certas recordações podem ser prejudiciais à saúde.


No Próximo Capitulo: O Marketing ou Vamos Fazer Uma Pesquisa de Mercado.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Ascenção e Queda de um Executivo - Série: Os Executivos - Cap. 6

Queridos leitores, como a continuação do capítulo anterior ainda se encontra em análise pelo departamento de censura, hoje vou escrever sobre mim, o que deve aplacar a ira dos leitores que se sentiram ultrajados, especialmente com o último capítulo.

Era uma vez um rapaz, estudante de engenharia, numa época em que este curso atraía e ao mesmo tempo aterrorizava qualquer cristão, dados os rigores a que eram submetidos os alunos. O Campus da Universidade, para vocês terem uma idéia, era chamado de arquipélago Gulag ou Auschivit. Foi sofrido, com durezas quase insuperáveis, mas foi melhor assim. Faço questão de frisar o nome da escola: UFU – Universidade Federal de Uberlândia, que naquela época possuía o mais talentoso quadro de professores que conheci.

Vocês devem estar se perguntando a razão do Marketing gratuito, mas eu explico. O curso de engenharia proporciona ao estudante uma capacidade de raciocínio lógico descomunal, e isto faz a diferença na vida de um executivo. Não que os outros cursos sejam menos importantes,absolutamente! Mas o raciocínio lógico é uma vantagem proporcionada pela engenharia, que definitivamente, não recomendo para qualquer um, pois vi diversos colegas simplesmente enlouquecerem, tentarem o suicídio ou o assassinato de um ou outro professor. E mesmo os melhores alunos (a UFU teve campeões nacionais), sabe-se lá se batem bem hoje. Mas não é só raciocínio lógico que a engenharia nos dá. Ela nos concede algo mais precioso, a visão espacial, e este foi meu trunfo, meu segredo para transformar em coisas simples e fáceis aquilo que parecia impossível. Toda vez que me apresentavam um problema na empresa, eu olhava aquilo por alguns segundos e dizia: easy (fácil). Fiquei conhecido como o Mr. Easy.

Bem até aqui amigos leitores (ainda tem algum?), vocês tem as dez primeiras dicas para seu sucesso profissional:



1 – Se quer ser um executivo, faça um curso que te ofereça disciplinas de cálculo, álgebra linear, geometria espacial, matrizes e, claro, estatística;



O leitor de humanas já deve estar sentindo os primeiros sintomas do choque anafilático iminente pela simples menção destas palavras, mas lembre-se, você não precisa estudar engenharia ou outro curso similar, faça disciplinas isoladas, uma especialização ou MBA que te proporcionem isto. Vale seu sacrifício pois é seu futuro que está em jogo.



2 – Ao visualizar um problema não tema, examine-o do alto, e não em duas dimensões, como uma formiga, pois neste caso você será sempre um executor de projetos, função importantíssima, mas uma função sem o charme de um cargo executivo.



3 – O mais importante é aparentar que sabe e não propriamente saber.



Se você adquiriu o raciocínio lógico e espacial nos seus tempos de estudante, você saberá responder a questões sobre assuntos ainda desconhecidos para você, claro, desde que estejam dentro do escopo das tecnologias com as quais você está lidando no seu trabalho. Os diretores e até mesmo a presidência da empresa que trabalhei, sempre me ligavam quando tomavam conhecimento de uma novíssima tecnologia (cutting edge é o termo em inglês). Eles me diziam as siglas e os termos obscuros delas, eu pensava 2 segundos e mandava ver, com uma segurança de profundo conhecedor no assunto. Terminada a ligação, eu procurava desesperadamente o que era aquilo na internet, e para minha surpresa, minha resposta era sempre correta ou muito próxima da realidade. Isto meninos, não tem preço!

Vou saltar a parte relacionada ao meu início na organização pois está resumida no Capítulo 3 desta mini série.

Após deixar o status de perigoso e ser promovido a executivo perigoso, principalmente por sempre gerar negócios lucrativos para a organização, comecei minha fase mais frenética, a busca incessante por lucro. Trabalhava para a empresa como se ela fosse minha, da mesma forma que hoje trabalho pela minha fazenda, mas já cheguei à conclusão que isto é uma barreira intransponível para a maioria das pessoas, pois consideram a empresa do patrão e o trabalho dos funcionários. É a herança do feudalismo, que se perpetua nos genes de cada um de nós. Se você é capaz de superar esta sina, você tem futuro. Leia Crime e Castigo de Dostoyevsky, e talvez isto o ajude. Ah, mais uma regra:



4 – Leia muitos livros, o máximo possível;



A leitura diferencia as pessoas, mas, por favor, nada de livros de auto-ajuda ou Paulo Coelhos. Se você não conhece bem os clássicos, clique no link Frases acima de meu perfil que tem uma quantidade razoável de autores, e algumas de suas frases geniais. É difícil explicar, mas o potencial que a boa leitura te dará em recompensa é algo assustador. Mas, todo executivo perigoso comete seus erros. Meu primeiro erro, do qual nunca mais esqueci, foi que logo que implantei o negócio de comunicação de dados na empresa, fomos convidados para uma apresentação sobre o assunto. O assunto era demasiadamente novo para mim, e mesmo assim assumi o risco e fui, e claro foi um fiasco, tudo deu errado, áudio-visual, etc.



5- Não se embriague com seu sucesso momentâneo;



Um homem deve conhecer suas limitações (A man got to know his limitations). Fuja dos riscos desnecessários. Após minha mancada inicial, fui posto por uns meses na geladeira, e vi avatares sobrevoando o meu caminho. Mas como Fênix, um executivo perigoso renasce das próprias cinzas, e logo, novas idéias me permitiram saltar para a pole position novamente. E fui promovido de Executivo perigoso para muito perigoso.
Esta é a melhor fase de nossas carreiras, quando você já tem uma história e o respeito, principalmente dos funcionários da organização. Foi nesta época que realizei meu sonho de estudante, morar na América, e isto devo, claro aos meus resultados, mas principalmente à confiança e desprendimento da organização que me empregava e de algumas pessoas que me ajudaram neste sentido.



6- Tenha sempre 1 (um) sonho, que será a meta a ser perseguida durante sua carreira;



Dois anos nos EUA, na sua fase de ouro, a era Clinton, com propostas de emprego muito boas pipocando em telefonemas para minha casa, com valores bem acima do que eu ganhava em minha empresa, e decido voltar para o Brasil. Vocês podem dizer, balela, ninguém largaria propostas assim. Explico: o primeiro o motivo não foi um excessivo amor à organização, pois ninguém é escravo de ninguém. Foi muito simples, a mãe de minha esposa, simplesmente não aceitava viajar de avião. Então ficou aquela situação, tive que escolher ou a esposa ou os Estados Unidos. Mas eu fiz inúmeras tentativas de mandar a sogra para os EUA, sugeri o Fedex, ônibus, navio cargueiro e outras que não me lembro mais. Nada feito, a sogra era irredutível. Outra coisa que me preocupava era o boom das empresas de tecnologia, e o pipocar de IPO´s destas empresas contínuo em Wall Street. Lembro-me que certa vez estava em San Jose, Califórnia, com o board de minha empresa, e fiquei meditando ao ver a apresentação da empresa que estávamos visitando, US$ 12 Bilhões de receita/ano e valor de mercado de mais de US$ 200 bilhões. Bem, a regra dizia que uma empresa vale até 5 vezes o valor de sua receita anual. Claro, para quem estava ali vivendo aquele momento, não foi muito difícil de prever o inevitável, que a bolha, a ciranda maluca estava com os dias contados. E aí a volta para o Brasil, foi muito menos indigesta. Como eu disse no capítulo 3, sempre fui um visionário, embora sempre errando nas datas. Não deu outra, com a entrada de George Bush, a bolha explodiu e a maioria das empresas virou pó, deixando milhares de desempregados na rua.
Das empresas que me convidaram para entrevistas, apenas a gigante Pacific Bell (a que pagava pior) ainda existe, mas foi adquirida pela AT&T. Ou seja, muito provavelmente retornaria ao Brasil, um ano depois, possivelmente deportado. De volta ao Brasil, foi minha fase Midas, criando negócios que geraram muito dinheiro para a organização. E fui coroado Executivo no Grau super-perigoso. Este é definitivamente, o grau máximo de risco para um executivo, pois neste momento ele está acima dos mortais comuns, e ele se torna um rebelde, não mais seguindo a cartilha política da organização. Ele se julga acima da lei. No meu caso, há um complicador, eu já estava muito envolvido com a fazenda, pois julgava o Agribusiness, o futuro do Brasil e ainda acho.



7- Respeite a política da organização, mesmo que algumas coisas você considere improdutivas, e não focalize apenas lucro, mesmo que isto seja bom para a organização.



8- Não se pode servir a dois senhores;



Se você já estiver demasiadamente envolvido em um empreendimento próprio, seja o mais discreto possível, pois do contrário a empresa saberá que está ali apenas de passagem e ninguém gosta disto, nem eu com meus funcionários. Em plena fase de ouro, surgem nuvens negras no meu horizonte, o grupo contrata um executivo de Marketing saído dos quadros de um político reconhecidamente corrupro, que vem a ser meu chefe imediato. Não deu outra, em menos de dois anos já não havia sinergia entre os dois, estilos muito diferentes. E aí o grupo contrata uma daquelas consultorias, tipo refazendo a organização. E aqui uma regra importantíssima. A consultoria avaliou toda a empresa, incluindo claro, o departamento que eu comandava. Apesar de ter sido o único departamento elogiado, ela encontrou um problema, estávamos desenvolvendo um projeto baseado numa tecnologia em obsolescência. E aí o mais curioso: fizemos isto para reduzi os prejuizos da empresas, pois um certo executivo do tipo avatar (dissimulado e pegajoso - capitulo 3), comprou a tecnologia na surdina sem o prévio conhecimento da área de Marketing. Após seu feito, ele nos enviou um email comunicando seu negocinho obscuro: pagamos uma pechincha, apenas 1 milhão de dólares por esta tecnologia. Bem, fizemos o melhor para a empresa: tentamos encontrar uma soluçao que permitisse a empresa recuperar o dinheiro perdido, ou pelo menos parte dele. Nosso erro foi não esclarecer a direção, a gravidade da atitude isolada e impensada do avatar de plantão.



9- Se alguém errar e te envolver, não procure acobertar o erro, aí
você erra junto também;



Este foi o início do fim. Curiosamente, o tal executivo do político corrupto, convidou o avatar da compra na moita para meu posto, e fui classificado então como Executivo Bin Laden, o tipo mais perigoso. Foi uma perseguição cruel de 2 anos, pois eu relutava e continuava produzindo, e o que é pior, me tornei o rebelde mor. Neste momento, o vice-presidente tentava a venda do principal negócio da empresa, o qual vou chamar de a galinha dos ovos de ouro, e eu, voz dissonante no deserto, me manifestei contra, para o espanto geral de todo quadro de executivos, produzindo emails contrários à venda, o quais eu enviava para todos executivos da organização. E para piorar, o presidente que também era contrário a venda, me solicitou num telefonema, que buscasse possíveis parceiros de capital no mercado internacional. E assim o fiz, e enviei a resposta de um grupo para o presidente que repassou para seu vice-presidente. Pronto estava armado o barraco. O vice-presidente, um homem vaidoso, ficou furioso com meu atrevimento e também com a minha indisciplica, pois exorbitei de minhas responsabilidades, indo além de minhas atribuições. Pronto: De Bin Laden a Homem Bomba. No final, a galinha dos ovos de ouro permaneceu na organização, mas o vice-presidente claro, pediu minha cabeça. Fui promovido mais uma vez, de Homem Bomba a João Batista.



10- Nunca contrarie as diretrizes da organização, mesmo que você esteja certo e nunca, mas nunca mesmo, vá além de suas atribuições, pois ai já é anarquia, é a desordem geral.



Minha demissão foi correta, pois existem certos limites que você não pode transpor. Mais uma vez:. A man got to know his limitations.



Ps.: O tal executivo saido dos quadros do politico corrupto, foi demitido, exatamente um ano depois, por surrupiar a organização. Não tenho noticias do executivo avatar, mas como era pau mandado, pode estar ainda por lá, perseguindo mais alguem, pois esta é a função principal de um avatar.



No próximo Capítulo: O RH - continuação.
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