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sábado, 17 de abril de 2010

Era Uma Vez na América (Parte 1) - Série: Os Executivos - Cap. 9

Minha primeira viagem aos EUA foi em 1991, e neste tempo eu era um pré-executivo. Sim executivos, também tem cinco fases: a pré-história, ascensão, apogeu, declínio e extinção.


Na pré-história, eles ainda são técnicos de futuro e como eu já comentei em outro artigo, são conhecidos com o ser pensante da organização: pensam, sobretudo, em tomar o lugar do chefe imediato, e assim por diante.


Na ascensão, o executivo já se tornou um caçador, e provavelmente já fez algumas vítimas iniciais, sendo coroado Executivo Junior ou agente 003, com permissão para falar mal e provocar os inimigos: os chefes.


No apogeu, ele já é ”o cara”, o executivo conhecido na organização. Esta é sua fase 007, tem licença para matar, principalmente outros executivos, que por incompetência ou preguiça, estão atrapalhando sua caminhada ao poder. As vitimas se sucedem, e vão sendo jogadas no porão, conhecido como corpses gallery.


Na fase de declínio, ele já é uma estrela super nova, já atingiu seu brilho máximo. De caçador, ele passa a ser caçado, principalmente por executivos do tipo avatar (Search and Destruction). No meu caso eles eram conhecidos como João Penca e seu Miquinho Amestrado.


A extinção é o passo a seguir, e como os dinossauros, os executivos são exterminados por algum evento do tipo ELE (Extinction Level Event), um executivo meteorito de grande porte.


Bem, mas onde eu estava mesmo? Ah sim, indo para a América pela primeira vez, convidado para um tour de 10 dias por uma gigante multinacional. Junto comigo, outros dois Brazucas, de outras empresas. E lá vamos nós, rumo primeiramente a Las Vegas, onde participaríamos primeiramente de uma convenção no Caesar Palace, um Hotel ainda hoje grandioso, e famoso por sediar aquelas lutas de boxe, no tempo que alguém ainda assistia lutas de boxe.
Tudo muito bom, só que nosso host era do tipo elétrico, e ficava nos levando para lá e para cá, feito um bando de malucos. Meus companheiros, claro, adoravam deslumbrados que eram pelo way of life dos americanos. Era assim, café da manhã às 7 com diretores da empresa, depois as apresentações na convenção, almoço com mais diretores, mais palestras, demonstrações chatíssimas de equipamentos, e pasmem, uma luta de boxe pelo titulo mundial nas arenas do Caesar Palace. Lá fomos nós apressados, caminhando entre as imensas piscinas azuis, lotadas de barquinhos, pois não se podia nadar ali, sob riscos de se cansar e não mais se conseguir retornar às margens. O melhor mesmo era velejar. Coisas de Las Vegas. A luta era interessantíssima, um bando de americanos torcendo feito crianças: Go Taylor! Go Taylor. Não tenho a menor lembrança de quem estava lutando. Lembrei-me de Nicolas Cage gritando isto para um lutador de boxe em um de seus filmes. Claro, depois de 10 minutos vendo aquele frenesi, saí de mansinho e fui dar uma caminhada pelas ruas de Vegas.


Era inverno, e a temperatura até que estava agradável, bem diferente de quando você vai ali no verão e o vento do deserto sopra 24 horas por dia a uma temperatura por volta dos 40 graus, e você se sente entrando no inferno de Dante.


À noite, jantar com convidados e depois o show com uns mágicos que usavam uns tigres brancos, que cheguei a ver na televisão no Brasil depois. Claro, em cinco minutos já estava dormindo, com aquela palhaçada toda, para desespero de meus colegas. No final, eles me acordavam, e ficavam teorizando sobre como os mágicos faziam sumir até elefantes no palco e eu ficava lamentando porque os mágicos de plantão não fizeram o mesmo com meus companheiros de viagem.


Descíamos então para o cassino, jogar umas moedinhas nos caça níqueis e isto já era madrugada. Joguei, ganhei uns caraminguás e fui dormir. Mal deitei, o telefone tocou, e a voz grave do host falando:


- Estamos esperando você para o café da manhã, vista-se e arrume uma malinha de roupas que vamos voar para o Grand Cânion!


Em uma hora estávamos subindo a bordo de um avião que me lembrava a segunda guerra, e planamos a caminho Del Buracon. Algum tempo depois pousamos sei lá onde, e fomos correndo ver o por do sol no Grand Cânion. Eu fiquei de costas conversando com o host, que também já não agüentava mais ver aquele espetáculo. De repente, os turistas gritam e batem palmas. Eu pensei: jogaram alguma velhinha lá embaixo. Que nada! Era o sol se pondo, num espetáculo laranja, que coloria toda imensidão del Buracon, de tons... laranjas. Mas as pessoas juram ver ali todas as cores do arco íris.


Depois jantamos num destes restaurantezinhos americanos, estilo cowboy, com música e comida country. Saímos dali e fomos caminhando até o hotel, num frio de incomodar esquimó. Chego ao meu quarto, olho a pia, era como a dos aviões, você aperta uma válvula, ela jorra uma xícara d’água e logo se fecha. O banho a mesma coisa, um horror! Turista é um bando de gente besta mesmo.


De manhã, mal nos levantamos e fomos arrastados a outro aviãozinho, sob meus protestos:


- Mas este aí só tem uma hélice! Eu não vou voar nisto, vou arrumar uma mula!


O host impassível falou:


- Esquece, temos que pegar um vôo em Vegas para New York a tal hora e não tem mula aqui capaz de levar você a tempo!


Leaving Las Vegas. Chegamos a New York à noite e fomos nos hospedar em um hotel chique francês, que possuía serviço de quarto e frigobar. Pronto, pensei, pelo menos uma noite tranquila. Mal terminei meu pensamento e o telefone tocou. Era o host nos convidando para uma partidinha de basquete do New York Lakers. Lá fui eu de novo, assistir o espetáculo dos grandalhões correndo atrás de uma bolinha e, claro, escapuli assim que o host se entusiasmou com uma jogada.


No outro dia: visitas a um laboratório mundialmente famoso e voltamos cheios de canetinhas, agendinhas, enfim vários espelhinhos. Depois, churrasco americano na casa do chefe dele em New Jersey.


Até que a tarde passou rápido: fomos a um bar, e um dos meus companheiros de viagem teve que sair dali carregado, de tanta bebedeira.


Voltamos a New York no carro esporte alemão do host, e o companheiro bêbado veio batendo a cabeça a cada curva que o veloz bólido fazia nas estradas sinuosas. Chegando a New York, fomos a um show qualquer, menos o bêbado, que foi cuidar dos galos recém adquiridos.


Lembro que em Vegas ainda, me levaram para assistir um cinema 180 graus, que passou um filminho sobre a natureza, começando com uma mar de florzinhas em alguma parte do globo e um locutor falando das belezas das zzzzzzzzzzzzzzzzz.


To be continued.

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