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sexta-feira, 22 de abril de 2011

O Executivo Highlander - Série: Os Executivos Cap 22 (by Rogério Rufino)

O mundinho dos executivos é muito parecido com o filme Highlander, uma luta eterna e sem tréguas  entre seres que se julgam imortais e acima do bem e do mal, com o objetivo de se eliminar uns aos outros até que reste apenas um, o qual receberá o grande prêmio.Ok, executivos não são imortais e tampouco imortais podem ser eliminados como no filme, pois do contrário, seriam mortais. 


Mas não importa, o ambiente dos executivos é de guerra permanente e as vítimas vão se sucedendo e a maior parte delas é abatida pelo que se chama de fogo amigo. Tiros pelas costas disparados pelos companheiros.

Certa vez, um  vice-presidente de um setor da Holding pediu que eu fizesse um estudo para definir qual o melhor negócio: investir em internet banda larga na rede de Telecom ou na rede de TV a cabo, visto que o grupo possuía empresas nas duas áreas. 

Mesmo sabendo a resposta, que era o que, nosso coleguinha Nelson Rodrigues chamava de óbvio ululante, pois a rede Telecom atingia infinitamente mais usuários que a de TV acabo, e além disto Telecom é uma tecnologia de primeira classe enquanto que Tv a cabo não passa de uma tecnologia de quinta categoria, pois suas exigências técnicas são muito menores que as de Telecom, fizemos todo o estudo econômico-financeiro, que obviamente chegou a inequívoca conclusão que investir em ADSL era mais negócio. 

Entreguei o estudo ao CEO que foi com seus diretores apresentá-lo ao Vice-Presidente. Não me convidaram e fiquei  em minha mesa absorto com meus pensamentos, procurando algum outro negócio de futuro para investir e verificando se não havia  sinal de olho gordo e mal olhado ao meu redor quando meu telefone tocou freneticamente, mais parecendo uma vuvuzela na TPM. 

Antendi num átimo e coloquei-o a uma certa distância da minha orelha, o que me salvou de uma provável e irreversível surdez pois, o Vice-presidente gritou histericamente do outro lado da linha, como o chefe do Dique Vigarista naquele desenho animado. Tive que segurar o fone com as duas mãos pois, ele tremia como peixe fora d´água e eu temia a qualquer momento, ver as guelras do chefe, como no desenho da tv. Mas nada, só o bafo de whiskey 12 anos com aguardente de 12 dias e sua voz de garça esganiçada praguejando contra a minha existência passada, presente e futura. De qualquer forma fechei os olhos temendo uma cusparada vice-presidentiana. 

- Você sabe que nosso Vice-Presidente da Holding quer resolver a questão da TV a Cabo antes que alguém dê cabo nele e ele conta com o serviço de Internet banda larga na rede de TV e mesmo sabendo disso você faz um estudo provando o contrário? Você quer acabar comigo? Quer acabar com ele? Você é mau!! Te odeio!! Mas saiba você que,  eu, ele e mais todos os diretores presentes aqui na sala, acabaremos com você primeiro oooaaaaooooaaaouououo, finalizou gritando como o Tarzan. 

- Mas chefe eu pensei que você queria um estudo de viabilidade e não um estudo para justificar o desejo do chefe maior. Se fosse assim eu teria feito um relatório sem números, só com frases de efeito e ornamentado com figurinhas coloridas com apliques de papel dourado na contra-capa. 

- Seu idiota, a única verdade é o desejo do chefe. Então jogue este relatório cheio de mentiras no lixo e manda o de figurinhas com papel dourado. Ah coloque uma gota de essência  de jasmim. 

- Lamento chefe, isto eu não posso fazer, mas vou pedir para o Recursos Humanos elaborar um. É especialidade deles, eles têm figurinhas e restos de fantasia do gala gay.

- Imbecil você está liquidado! - neste momento, o camarão, quer dizer o Vice-Presidente vermelho de raiva desligou o fone fazendo um barulho que mais parecia um tiro de canhão e me lembrei de Shane, um filme de Bang bang, que numa das cenas, o diretor usou o som de um canhão para o disparo da pistola do bandido do filme, mas esta é outra história. 

Desliguei e fiquei imaginando a cena do outro lado, o vice-presidente sentado em sua cadeira imperial, ornamentada com plumas e paetês, na extremidade da enorme mesa de conferencia com João Penca e seus miquinhos amestrados, quer dizer meu CEO e os diretores, estatelados nas belas cadeiras reclináveis e giratórias, como que contemplando alguma coisa tenebrosa vinda de outro mundo e rezando baixinho para que seu apetite devorador fizesse apenas a mim de vitima, pelo menos até que eles pudessem se safar daquele lugar e se protegerem em algum ritual de macumba performática. 

O mundo estava desabando ao meu redor mas, ainda não foi daquela vez que cortaram minha cabeça, a única forma de se matar um highlander. Mas percebi, que em minha guerra contra o resto do mundo eu estava cada vez mais sozinho. 

Algum tempo depois, recebi uma ligação do Big Boss, o Presidente, que como eu, achava que celular era o grande negócio em Telecom. Mas para resolver certas questões, o Vice-Presidente estava determinado a desfazer do negócio celular. Comecei então a fazer guerrilha, a torpedear as idéias do Vice-Presidente, até que o presidente me pediu um certo favor e eu atendi. 

Novamente a vuvuzela tocou em minha mesa e desta vez o telefone não só tremia, ele saltitava como feijões mexicanos e acendia luzes vermelhas como numa boate barata. Pensei, a coisa está preta, desta vez não escapo. Peguei o telefone timidamente e o levei lentamente ao ouvido e pude ouvi os esgares do Vice-Presidente, rosnando como um leão furioso, mas depois que eu disse alô, ficou mais parecido com  o urro daquele tiranossauro rex do filme Parque dos Dinossauros. 

- Vocêêêê, seu vermeeeeeeee – urrava o Trex, quer dizer o Tvice. 

- Quem te autorizou a contatar empresas internacionais para o Presidente. Por acaso você almoça com ele? Freqüenta a casa dele? Você é amiguinho dele?  O que você está tramando com ele? Bla bla blaUaaaaarrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr. Continuava a berrar o Trex endiabrado. 

- Mas ele me pediu. Eu só atendi, falei baixinho, já escondido debaixo da minha mesa. 

Grahhhhrrr,UUUUUAAAAARRRRRR , ok já sabem, era ele o Trex malvadão. 

Quando ele desligou, havia pouca coisa em cima de minha mesa, parecia que ela havia sido devastada por um Twister (tornado), e por todo lado havia aquelas gosmas repugnantes  como as daquela criatura do filme Alien. Quando criei coragem e me levantei, olhei ao meu redor e meus colegas estavam com os cabelos arrepiados, como que vitimados por um raio. Alguns estavam em coma profundo estirados no frio macadame da sala. 

- Vocês estão bem? Ouviram aquilo? Perguntei timidamente. 

Eles não responderam, simplesmente saíram correndo pelos corredores  agitando os braços, como que fugindo de alguma coisa vindo do além. Os que estavam em coma saíram rastejando como cobras, serpenteando pelos corredores, em fuga alucinada.

Percebi então, que eu já não pertencia mais àquele mundo. Naquele momento ingressava para o time dos executivos fantasmas, que ficam algum tempo perambulando pelas organizações até serem exterminados de vez.



To be continued!

2 comentários:

  1. Passeando pelo Blog hoje, e relendo este texto, vi algo que transcende o humor. É um texto seríssimo, muito bem escrito, elaborado. Alias tudo que voce escreve é muito rico, claro e um verdadeira escola aqueles que conseguem ver, talvez além da alma!

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  2. Thanks honey. E o pior, o texto é real com pitadas de humor.

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