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segunda-feira, 28 de março de 2011

O que é que o Rafinha Bastos tem que eu não tenho (by Rogério Rufino)

Dias atrás o comediante brasileiro e apresentador no Brasil, do programa Argentino CQC, foi considerado pelo próprio Twitter, o homem mais influente daquela rede social no mundo. Sim senhores, ufanem-se, este desconhecido, que se auto descreve como: Funileiro e atriz, venceu Barak Obama e uma infinidade de outras celebridades mundiais. 

Ele não é o primeiro em número de seguidores, posto ocupado por uma tal de Lady Gaga, que deve ser parente contemporâneo de Lady Godiva, aquela que andava nua em seu cavalo, se cobrindo somente com seus cabelos. Eu não sei se a Lady Gaga tem cavalos ou cabelos, mas ela sempre está meio pelada, o que significa que ela tem 50% de chances de ser uma descendente direta  da doida Godiva. 


Mr. Rafinha Bastos tem apenas 1,7 milhões de fanáticos seguidores, números aparentemente modestos se comparados ao de Lady Gaga, mas que fazem dele uma personalidade com mais seguidores que o Bispo Macedo, que tem meros 35 mil fieis no Twitter,  ou mesmo o pobre Bin Laden, que tem a merreca de 622 seguidores. 

Mas o Twitter criou um a novo método de classificação para definir a personalidade mais impactante ou mais influente, o qual avalia a quantidade de vezes que aquele indivíduo foi mencionado por outros usuários ou teve seus Tweets replicados. E neste quesito, nosso Bravo Rafinha Bastos venceu, alcançando o invejável score de 90, enquanto a pobre Lady Gaga com seus milhões de seguidores conseguiu apenas 41. Mr. Bastos deixou o homem mais poderoso do mundo, o Sr. Obama, em sétimo lugar, uma humilhação. 

No New York Times de 24 de março saiu uma nota sobre o feito do Sr. Rafinha, e explicando a metodologia. Dá até  mesmo um site para que nós, mortais comuns, possamos  medir nosso grau de influência no Twitter. http://www.twitalyzer.com/

Sou relativamente novo no Twitter, alguns meses apenas, mas fui testar minha incrível influência e claro, o resultado foi zero. O site é até educado, ele não disse que não tenho influência alguma, ele simplesmente disse que minha influência é zero. 

Sem desanimar, andei dando uma checada no site para ver a força de alguns de meus competidores, embora eles não saibam que sou um concorrente. O pacifista Bin Laden tem um grau de influência 0.5, o grande Millor Fernandes 27 e o Bispo Macedo 12. Como estou a apenas 0.5 ponto do Bin Laden fiquei motivado, e decidi fazer uma reposicionamento estratégico em meus tweets para que eu tenha melhores chances de derrotar meus competidores. Vou começar com um planejamento estratégico, com plano de marketing detalhado, uma missão e negócio up-to-date com a  geração Twitter. 

Primeiramente resolvi fazer um levantamento dos riscos e oportunidades. Como meu risco é zero, pois já estou no limbo, deduzi que eu só tenho oportunidades. Minha mulher disse que era uma ótima ocasião para eu ficar calado e sair de fininho, mas ela é muito derrotista. O Sr. Rafinha que me aguarde. Continuando minhas pesquisas, tracei um paralelo entre entre meus tweets e o do Sr. Rafinha, para ver exatamente onde estavam minhas fraquezas e limitações e quais são as forças e as qualidades do Sr. Rafinha. 

Postei a minhas primeiras mensagens no Twitter em setembro de 2010, e pensei, vou agradar o pessoal do PSDB. Elas diziam: 

# Vi o presidente o presidente Lula na TV dizendo que estudar é a coisa mais importante. Não para ser presidente do Brasil ou da Bolivia. 

# Mas estamos progredindo: camarada Dilma é formada em economia com PHD em guerrilha pelo exército Cubano. Certamente um upgrade presidencial! 

E esperei animado alguma repercussão. Minha cunhada me enviou um adesivo da Dilma e uma cartilha do PT, falando de seus princípios e valores (nas Ilhas Caimãs). Meu numero de seguidores subiu para 2, minha esposa e uma freira lusitana, que serviu no Brasil com o famoso religioso brasileiro Beto Carrero. Freira Selumrai atirava panfletos enrolados em rapadura nos nativos nordestinos durante a militância do frei e só parou quando este se tornou coordenador do programa fome zero do Lula. Irmã Selmurai, decidiu então trocar o movimento social pelos pobres pelo movimento social do facebook e voltou para Portugal. 

Enquanto isso o Sr. Rafinha Bastos angariava mais 50 mil seguidores com os seguintes tweets: 

#Mulher com hiperlordose = gostosa q deu errado 

#Captei R$ 1 milhão pra minha exposição de caralhos de argila. Valeu Ministério da Cultura 

#Falta de dignidade é andar pela casa c/ as calças pelas canelas procurando um banheiro q tenha papel 

Revoltado com o fraco desempenho, decidi mudar de tema e tweetei  a seguinte mensagem em português e também em inglês esperando alguma repercussão nos EUA.

#O grande problema dos avanços na medicina é que você pode dormir sadio e acordar com uma doença recém identificada. 
Recebi uma mensagem de uma astróloga indiana oferecendo seus serviços for astrology and vastu consultancy, tarrot reading, gems stone, rudraksh, yantra, tantra, mantra, puja, jap and such other things. E deu numero de telefone e uma conta no punjab national bank. 

Mudei radicalmente minha estrtégia e decidi então lutar contra os ecologistas que, ameaçam a parar a produção agrícola no Brasil. 

#Ecologistas dizem que os 1700 mortos na tromba d'água na Serra das Araras em 67, é culpa do novo código florestal a ser votado ainda este ano. 

#Se o governo dissesse a um fazendeiro americano que ele deveria preservar 80% de suas terras ela pegaria em armas e derrubaria o governo. 

#No Brasil, governo, ONG´s, Verdes dizem o que nós, fazendeiros, devemos fazer e a gente ainda paga para se enquadrar nos modelitos deles. 

Recebi duas mensagem verdes me convidando para uma pajelança e um pedido de contribuição voluntária, em verdinhas, para o Green Peace, e e caso eu contribuísse com mais de 100 dólares, eu iria receber um foto autografada de um mico leão dourado. Que mico.

Como defendi causas ruralistas, fui seguido por um usuário chamado eu amomeucavalo e outro chamado Durmocomminhavaca. 

Enquanto isto, Mr. Rafinha continuava produzindo pérolas 

# I'm Bin Laden after 45 surgeries (I kept the nose) 

#90% das cirurgias plásticas deveriam acompanhar o procedimento de enxerto de massa encefálica. 

#Chupa Dalai Lama! Chupa Obama! 

E arrebatava mais de 100 mil alucinados seguidores. Mais parecia o Reverendo Moon. 

Desesperado, apelei para atualidades: 

#A Colombia em meio século século de trafego de drogas, terremotos e guerrilha das Farc, nos deu a bomshell Shakira. 

#O Brasil em 500 anos de paz, amor e carnaval produziu Sandy e Vanessa Camargo. (Psicografando Orson Wells) 

#No Planalto Obama se depara com uma comitiva de políticos Brasileiros vindo em sua direção. Imediatamente se joga ao chão e grita: Arrastão 

#Uma amiga reclamou que o Orkut está a cada dia pior, mas ele funciona muito bem com equipamento adequado: maquina de escrever ou mimeógrafo. 

#Em Manaus, o ex-presidendte americano Bill Clinton condenou a construção de hidrelétricas na floresta amazônica do México. 

#Bill Clintou ainda leu uma mensagem de Ronald Reagan, psicografada, contra as queimadas na Floresta Amazônica da Bolivia. Kill Bill 

Consegui mais alguns seguidores seguidores: vacaloca, pestesuina, kibeloco, flollowme (sic), mãepreta, pragademãe, pipiu e bacabau. 

Enquanto isto na arena do Sr. Rafinha...ah que se dane aquele funileiro e atriz. 

domingo, 27 de março de 2011

O Vazio Que Devora a Vida e a Alma (by Rogério Rufino)

Bem cedo,  sentimos  uma estranha e desconcertante sensação a se manifestar em nossas vidas. Ela nasce  de algum lugar sombrio de dentro de nós e vai mudando lentamente  nossa forma de ver o mundo. No princípio surpreendidos, depois desamparados, descobrimos que nada é eterno e que não podemos fazer muita coisa para evitar toda esta sensação de abandono. Tudo que existe em nossas vidas e no universo que vamos desvendando, é tão eventual quanto uma folha de outono. E a medida que envelhecemos, compreendemos que a unica coisa eterna, é a angustiante sensação de perda, que teima em nos acompanhar até o fim em nossas vidas. 


Ainda crianças, queremos ser adultos e...finalmente livres, mas quando nos tornamos adultos e experimentamos a saudade dos momentos despreocupados e felizes de quando éramos crianças, é com uma ponta de melancolia que lamentamos  nunca mais em nossas vidas, podermos reaver nossa pureza de motivos e a esperança inquebrantável de uma  felicidade duradoura, porque não se pode voltar a nenhum lugar e tampouco podemos trazer nada de volta. 

Muitos experimentam os sentimentos mais fortes de perda muito cedo ainda,  com o desaparecimento, incompreensível, de entes queridos. Os demais vão experimentando teclas, sentindo as pequenas perdas  ao longo de suas vidas, e elas se manifestam sem alardes, sem lógica alguma que,  nos permita de alguma forma, nos prepararmos para o recontro que não se pode vencer. Elas são implacáveis. Quando visualizamos um ponto frágil, alguma coisa que parece na iminência de desmoronar em nossas vidas, acontece o pior, ela nos ataca pela retaguarda e somos mais uma vez surpreendidos e não podemos resistir. 

Como ondas, as perdas nos arrastam por caminhos que desconhecemos, em rotas opostas ao que planejamos. Às vezes, sentimos totalmente perdidos mas por uma razão ou outra, elas sempre nos conduzem a lugares, não raro com uma atmosfera triste e desolada, que de alguma forma, possuem os elementos necessários para reconstruirmos. Morremos uma vez só mas nascemos diversas vezes, e em cada nascimento, percebemos resignados que, somos menos daquilo que éramos e um pouco daquilo que nunca pensamos ser. E assim no decorrer de toda nossa existência, vamos experimentando sensações e sentimentos diferenciados que parecem vir um mundo desconhecido, ao qual não pertencemos e que não podemos ver ou tocar. 

Certa vez, ainda menino, li que muitas das estrelas que eu via no céu não existiam mais a milhões de anos. Foi com uma certa melancolia que eu percebi aquelas estrelas haviam morrido e que, o que  eu via, era somente a luz que elas emitiram em algum momento de suas existências e que agora passava pela minha retina. Era como se eu tivesse vendo fantasmas. Um lampejo de uma vida já extinta. Compreendi que, mesmo as coisas  tinham uma vida determinada e que em algum momento de sua existência, ela se perdia, mas suas formas continuavam em algum lugar, viajando no espaço frio, sem vida, escuro e infinito. E que, algumas daquelas estrelas, depois se transformavam naquilo que os astrônomos chamam de buraco negro, um imenso vazio cósmico, que parece ser igual ao vazio que habita o interior dos seres humanos e que parece querer sugar tudo aquilo que está a sua volta: toda e qualquer manifestação de vida. O buraco negro vai se alimentando de astros, estrelas, poeiras estelares e luz. Ele não perdoa sequer a ultima manifestação de uma estrela já extinta, os últimos lampejos de uma existência milenar. Um devorador de vidas e de almas e não podemos vê-lo, talvez por ser alguma coisa muito vergonhosa de se mostrar. 

E cada pessoa, uma mais outras menos, tem o seu devorador de vida e de almas. Muitos conseguem de alguma forma controlá-lo e o vazio não consegue se estabelecer totalmente. Ele fica lá, em algum lugar, acumulando energia, forças, para que, em algum minuto de fraqueza,  ele possa se irromper como um vulcão furioso e destruidor. Mas para muitas pessoas ele avança desde muito cedo e logo domina os olhos que se apresentam tristes e sem vida, como a espera de alguma coisa que possa resgatá-las daquela imensidão que assomaram mas, em geral, o que  podemos perceber, é a perda contínua das últimas gotas    de esperança ao longo do tempo. Gostaríamos de ajudar, tentamos, mas em geral podemos fazer muito pouco. Tal qual um buraco negro, a luta é desigual, a força descomunal do vazio de trevas abissais só pode ser vencida por alguma coisa que não é deste mundo, pela luz, pelo poder de uma inteligência maior que, penso eu,  em algum lugar sofre e chora por nós. Mas quem determina se esta luz pode ou não entrar é cada um de nós. É a única coisa que temos o poder absoluto. 


quinta-feira, 17 de março de 2011

A Carreira em Y - Série: Os Executivos - Cap. 18 (by Rogério Rufino)

A carreira em Y foi uma resposta dos RHs das empresas para tentar resolver um problema que estava se tornando epidêmico nas empresas de tecnologia. A silenciosa rebelião dos técnicos, que a cada dia estavam mais e mais descontentes com sua posição dentro das organizações e começavam a colocar as manguinhas de fora para se aventurarem na carreira de administrativa, almejando aquilo que os profissionais desta área possuem: poder, dinheiro, visibilidade, vinho, mulheres e canções. 


Como todos sabem, só há dois perfis psicológicos de profissionais: os introvertidos e os extrovertidos:
  1. Os introvertidos são representados geralmente pelos técnicos: o pessoal que detém a tecnologia nas empresas e que efetivamente são os responsáveis pelos seus produtos e serviços. Eles são conhecidos como o seres pensantes da organização: pensam em ir embora para outra empresa, pensam mal do marketing, da direção e de todos os outros setores da empresa, pensam que a empresa iria bem melhor se eles estivessem no comando, pensam no futebol e na cervejinha do fim de semana e pesam em muitas coisas impublicáveis. 
  2. Os extrovertidos são geralmente representados pelo pessoal do Marketing, do RH e do departamento de Vendas e da Gerência e da Diretoria.

A Carreira em Y foi desenvolvida pelos seres pensantes do RH, que segundo as más línguas, possuem talentos com criatividade movidas pelas leis que regulam o comportamento dos corpos celestes, o que no dito popular chama-se astrologia. 


E foi numa destas manifestações cósmicas que provocaram o alinhamento de vários corpos celestes, a principio em fila indiana e depois, dado a quantidade de planetas e asteróides, em fila dupla two way, que nasceu o conceito de carreira Y. 


Dois desconhecidos especialistas de RH de Pindorama, que haviam embarcado, numa viagem ao espaço sideral, através de um portal cósmico anunciado no facebook, tiveram uma visão, enquanto esperavam pacientemente um sinal de transito intergaláctico se abrir, para a passagem de um cometa de uma galáxia alienígena. 

Resumidamente os dois desmiolados bolaram os passos a serem seguidos pelo o infeliz optante da carreira Y da área técnica. 

Na mente demente do RH, quem é técnico só pode ser um Nerd, então eles desenvolveram fases na forma de um joguinho videogame, que a cada nível se tornam mais difíceis e que só mesmo um técnico genial atingiria o topo da carreira. A idéia é simples, na ótica perturbada do RH: deixa os Nerds jogarem, eles passarão no máximo da primeira fase, recebendo um polpudo aumento correspondente 1 salário mínimo, mas daí para frente, tudo será diferente, vão ficar no mesmo lugar, sonhando com a terra prometida. 

Claro, os técnicos não são muito bobos e depois de alguns anos brincando com o Joguinho da Carreira Y, perceberam que foram ludibriados e reclamaram muito. Suas queixas provocaram mudanças radicais no conceito da Carreira Y, que até recebeu um outro nome, de acordo com um paper, de um RHamaníaco tupiniquim, recém publicado na harvard human resources magazine. 

O novo conceito recebeu o sugestivo nome de Carreira X. Nele cada perna do X representa respectivamente os expoentes técnicos e administrativos. Assim, um técnico, em determinado tempo de sua vida terá que fazer sua escolha, podendo optar pela carreira técnica ou pela técnica. Ele então poderá ir galgando posições, até atingir o máximo de sua carreira, quando ele no olimpo, recebe o pomposo título de Consultor, momento em que ele perde toda sua credibilidade e começa sua viagem de volta no mesmo eixo do X, até que um dia ele voltará, se não for demitido antes, à condição de... estagiário. 

Mais uma vez, em nada mudou os passos de ascensão na carreira de um expoente da carreira administrativa, os quais resumidamente podemos resumir em: 


  1. Em geral o ser extrovertido entra na organização como um trainee, que é a vertente sofisticada da área administrativa em contraponto a rusticidade do estagiário, que é o modelo usado na área técnica. Trainee e estagiário em geral, possuem a mesma finalidade para a organização: é uma forma barata para ela de se ter um funcionário em seus quadros, que ficará um bom tempo vagando como um zumbi na empresa, a espera que algum visionário encontre alguma uma atividade na qual ele possa ser útil. Isso, em geral, acontece quando se dá o encerramento do seus contratos de trabalho. Eles contribuem desta forma para se alcançar as tradicionais metas de redução de pessoal acontecem nas empresas todo ano, conforme podemos ver no artigo A Grande Mudança.
  • Requisitos Básicos Para o Trainee (área admnistrativa): 
  • - Roupas de Griffe 
  • - Óculos Rayban 
  • - Notebook 
  • - Ipad 
  • - Ipod 
  • - Iphone 
  • - Sorriso Plastificado 
  • - Topete em gelatina 
  • Requisitos Básicos para O Estagiário (área técnica): 
  • - Bermudão e camiseta do Corinthians 
  • - Sandálias havaianas 
  • - Laptop 
  • - Boné 
  • - Vale alimentação, Vale transporte, Vale passe mais fita do senhor do Bonfim 
  • - walkman 
  • - Ipim
  • - Cara de choro do Barrichelo 

2) A segunda etapa do expoente administrativo é quando ele é definitivamente contratado, após passar por dificílimas provas de puxa-saquismo exacerbado, falar mal e praticar ataques terroristas contra do inimigo. O inimigo em questão, são seus colegas de trabalho. 

3) As demais etapas estão relacionadas com: 

a. Quantidade de festas que participou ou organizou 

b. Numero de vezes que entrou em coma alcoólico 

c. Quantidade de clientes e fornecedores que levou ao bordel 

d. Quantidade de vezes que jogou tênis com o chefe, quando o instrutor faltou 

e. Outras do mesmo naipe. 

Quanto aos técnicos, além de trabalharem como Hercules, eles só precisam superar todas as etapas do Videogame X, quer dizer da Carreira X, para conseguirem pelo menos ganhar como um administrativo graduado, mas claro, até hoje ninguém conseguiu esta façanha.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Avaliação de Performance - Série: Os Executivos - Cap. 17 (by Rogerio Rufino)


Os primeiros sistemas de avaliação de funcionários eram rústicos, diretos e e não raro dolorosos. Em geral o pobre funcionário que tinha um desempenho a desejar, era conduzido ao tronco pelos primeiros agentes do RH, e recebia umas boas chibatadas. Era um sistema muito eficaz e permitia que o funcionário sempre reconhecesse seu erro quando ele o cometia pela segunda vez (oh dor). Este método logo se popularizou e até as escolas o utilizavam, em variantes criativas, com seus alunos mais geniosos.

Os RHs do mundo todo sempre trabalharam arduamente para sofisticar este método, hoje considerado abusivo pelo Green Peace. Os Departamentos de Recursos Humanos Brasileiros não fizeram feio e devemos a eles os seguintes aparelhos de tortura que depois foram usados entusiasticamente pela ditadura militar: 

Cadeira do dragão 

Cadeira elétrica revestida de zinco que transmitia choques a todo o corpo enquanto se tocava o hino da empresa. 

Pau-de-arara 

Uma barra de ferro atravessada entre os punhos e os joelhos, o infeliz funcionário ficava amarrado e pendurado a 20 centímetros do chão ouvindo ininterruptamente a leitura do manual de qualidade da empresa. 

Geladeira 

Os funcionários eram mantidos em salas que alternavam a temperatura de muito frio a muito quente. Durante todo o tempo ouviam uma gravação com a política de recursos humanos da empresa. 

Mas tudo isto foi abandonado, com certa resistência é verdade,  a medida que foram se criando as empresas públicas. Em sua visão distorcida da ótica socialista, elas acabaram por premiar os funcionários incompetentes e preguiçosos e condenar ao ostracismo e ao arquivo morto, os demais funcionários. Por esta razão os partidos políticos lutam tanto pela direção das empresas estatais e por outras razões ainda menos nobres. 

Com a consolidação das empresas de tecnologia e seus funcionários cada vez mais qualificados, os RHs também se modernizaram e adaptaram os conceitos da tortura física para a tortura psicologica e nascia aí, os modernos métodos de avaliação de performance, hoje largamente difundidos nas organizações. 

A avaliação de performance acontece uma vez por ano e acontece em todos escalões, desde os executivos mais graduados até os amarra cachorros, que é o nome técnico para a designação dos pobres associados ou funcionários. 

Entre os amarra cachorros e o Presidente da  Organização, existe uma infinidade de escalões intermediários responsáveis por manter a turba ignara produzindo continuamente, o que se chama de ordem e progresso da organização. 

Em geral só se escapa da avaliação de performance o Presidente, que no entanto é avaliado pelo conselho de uma forma mais subjetiva, podendo até mesmo  ser defenestrado do seu cargo, o que é quase impossível em empresas de capital fechado e possível  em empresas de capital aberto. 

Os objetivos da avaliação de performance são quatro: 

1) Se o funcionário é exemplar, o chefe deve garimpar suas pequenas falhas e exorbitá-las durante a avaliação, de maneira que ele fique inibido para pedir aumento de salário.

2) Se o funcionário é mediano, o chefe deve  pinçar suas poucas e pequenas qualidades e exarcebá-las de maneira que ele se sinta prestigiado e possa contribuir com suas únicas serventias: o puxa-saquismo incontido, a espionagem para a chefia imediata e os pequenos atos de terrorismo que se praticam para se eliminar a ascensão de um ou outro executivo que possa ameaçar a carreira do chefe; 

3) Se o funcionário é irremediavelmente incompetente, a avaliação de performance serve para prepará-lo para suas novas atribuições na organização, quando ele é alçado a condição de assessor da chefia, diretoria ou do CEO. 

4) As avaliações de performance são em geral longas, mais parecendo um discurso do Fidel, no qual o Chefe fala ininterruptamente ao mesmo temo em que distribui sorrisos lânguidos para o associado entremeados de olhares ameaçadores. Em geral o chefe não sabe do que está falando e o associado pela pressão psicológica não ouve nada do que o chefe diz, fechando com chafe de ouro o objetivo número quatro da Avaliação de Performance, que consiste em  gastar o precioso tempo do executivo, dando-lhe as razões mais que justas para que ele se diga estressado de tanto trabalho e peça seu aumento de salário. 

As avaliações de performance entre os executivos são mais longas ainda e em geral acontecem em ambientes mais aconchegantes como salas de reuniões, anfiteatros e motéis. O clima da avaliação em geral é cordial e ambos, avaliador e avaliado discutem longamente o que cada um pode fazer para garantir o prêmio de resultados dos executivos e como neutralizar alguns funcionário que se destacaram e que podem atrapalhar os seus desejos de uma existência de ociosidade sem perigo. A avaliações em motéis em geral deixam um rastro de gemidos  e óleo Johnson pelos tapetes.

Em meus tempos de executivo, eu não era muito chegado a normas. Recebia instruções do RH para que a avaliação de performance de cada subordinado durasse no mínimo 1 hora. Nunca consegui isto. Na verdade quando você conduz uma equipe, sabe que lá existem 2 ou 3 funcionários excepcionais, os quais você pode confiar as mais difíceis tarefas, e eles movidos pelas suas vaidades incomuns, gastarão todas suas energias, mas darão conta do recado. 

E existe a grande maioria, os medianos, que são necessários para tocar o barco, pois se você colocar só excepcionais na sua equipe, logo virá a baderna, pois a fogueira de vaidades fica incontrolável,  tal qual um reator nuclear,  vai se consumindo até que chega o momento que ela não pode mais ser contida e vai derretendo tudo a sua volta. 


Chefes em geral se ocupam a maior parte do tempo com os eleitos, reservando menos atenção aos medianos. Mas, aprendi com o George Patton: “Nunca diga às pessoas como fazer as coisas. Diga-lhes o que deve ser feito e elas surpreenderão você com sua engenhosidade. 

Assim, eu não perdia muito tempo com avaliações de performance, algumas duravam 3 minutos outras eram pelo telefone. Mas sempre conseguíamos bons resultados e assim sempre suspeitei que  uma avaliação de performance não tem muita serventia infelizmente, mas não diga isto na sua empresa pois vão te chamar de louco varrido e te desejar sorte em suas novas atribuições. 



quarta-feira, 9 de março de 2011

As Redes Sociais e o Futuro da Internet


A Internet é o reflexo da sociedade humana, que se move em ondas, modificando padrões, comportamentos e interesses, sem nunca  encontrarmos ao certo o motivador ou o responsável por estas mudanças. Elas, assim como na evolução das espécies, simplesmente acontecem. 

No início a Internet se resumia aos mecanismos de busca, tipo Yahoo, Alta Vista, que eram muito ruins, mas que permitiram o acesso generalizado ao conhecimento humano numa forma sem precedentes na história da humanidade. 

Lembro que lá pelos idos de 1996, minha filha teve um problema de saúde e fui a um médico especialista munido com uma serie de paginas impressas de pesquisas que fiz na web dos EUA, pois artigos em português eram muito raros e ruins. O tal especialista ficou surpreendido com a quantidade de informações e no final da consulta me confiscou os papers e alí eu percebi que a sociedade nunca mais seria a mesma. Os donos do saber, os especialistas estavam sendo forçados a se atualizarem num ritmo nunca visto antes, pelos mecanismos de busca e a curiosidade inata dos internautas.

Nesta época surgiram os primeiros softwares para a comunicação de voz na internet, que assustaram muita gente e que levaram muitos gurus a apostarem no fim das empresas de telecom. É claro que não havia nada de graça: o pobre usuário investia 1000 dólares num computador achando que estava falando de graça e o pior é que no final, nem mesmo conseguia falar, pois a velocidade de acesso era tão baixa e os delays tão longos que uma comunicação de voz era uma fantasia de uma noite de verão. Mas tudo isto vai mudar quando sair os acessos banda larga, diziam os profetas.

Claro que  tudo mudou, os internautas compraram mais celulares que nunca e foram abandonando rapidamente os pré históricos telefones fixos. A telefonia via banda larga migrou seu foco, saiu da linha amadorística via internet e criou um termo pomposo chamado VOIP, que na verdade era a mesma porcaria, utilizando o protocolo TCPIP, que é o protocolo da Internet, para realizar chamadas de voz via a Internet. A diferença básica é que , na telefonia via internet, a ligação se realiza através de 2 computadores utilizando um softwarezinho baratinho e geralmente distribuído gratuitamente e no  VOIP, ela pode acontecer entre computadores mas também entre computadores e telefones e entre 2 telefones. Até que funciona, embora ás vezes você tem a impressão que está falando dentro de uma vasilhame de metal. 

Mas por que existe o VOIP se a telefonia tradicional é muito melhor? Simples, a industria telecom virou um oligopólio, no qual  industrias obsoletas impõem ao mercado modelos de serviços do século passado e sem nenhuma pressa de mudar, esperando que os meninos, inocentes úteis da indústria VOIP desenvolvam seus brinquedinhos que as forcem finalmente a rever seus preços e claro também lançarem seus serviços VOIP que, irão levar a bancarrota as novas empresas VOIP. Quem possui os backbone, as fibras ópticas e os equipamentos de comunicação, não podem ser tirados do mercado por uns servicinhos tipo Skype. They got the power. É preciso algo mais para sucumbir as old fashioned telephony companies.

Lá pelos idos de 1999 veio a onda free. Tudo seria free e a receita viria das propagandas. Musica, filmes, serviços internet, hosting, email e muitas outras bobagens.

Nunca acreditei muito nisto e achava que musica e filmes seriam taxados por unidade e transmitidos via internet. Isto só aconteceu na música via Apple. Com os filmes, agora que a coisa está se desenrolando pois, Hollywood é meio arcaica neste negócio. Naquela época o chique eram os projetos de video on demand que provocavam frenesi e suspiros entre os membros do board das empresas telecom. 

Eu também vagueava pelas industrias americanas procurando viabilizar o video on demand mas cada vez mais, as coisas ficavam mais complicadas. Enquanto procurávamos resolver problemas tecnológicos, de preços e até legais, esquecemos o fundamental, a internet estava destruindo a televisão e o cinema. E olhe que nesta época nem sequer existiam as redes sociais.

Mas o Google já havia mostrado sua face e mudou radicalmente para melhor a Internet mas, manteve intacta seu modelo. E em 2006 nascia o serviço que talvez seja a pá de cal na TV, o You Tube, mas isto ainda leva alguns anos de desenvolvimento de negócios e tecnologia.

Correndo em paralelo, vinha a onda dos Blog e até eu me tornei um blogueiro, embora tardiamente, pois na fazenda não havia internet, até que o serviço chegou  via celular e mudou alguns hábitos. Na mesma época, houve a introdução da TV de alta  definição no Brasil. E como era época de copa do mundo, ganhei de presente uma TV de 42". Bem, confesso que ligamos a TV umas 3 vezes, pois a internet era mais interessante. Conclusão, eu que tinha assistido todas as copas pela TV, pela primeira vez desprezei olimpicamente o evento apesar do chamariz da imagem em alta definição. Percebi então, que a televisão, se não mudar radicalmente, tem os dias contados. Mas o que ela pode oferecer: internet? acesso ao You Tube? Bem, tudo isto já temos na net. Não vejo como ela pode se salvar. A nova geração de jovens internautas não saberá o que é televisão, pelo menos esta que conhecemos hoje.

Mas apesar de várias tentativas isoladas, não havia nada na internet que unisse uma  das necessidades básicas do ser humano que é o contato social. Experimentou-se chats, listas de discussões e outras coisas mas nada teve o impacto do Facebook. Embora o Brasil seja um caso a parte, em que o Orkut ainda domine, talvez pela simplicidade e pelos joguinhos em português, o Facebook está conquistando rapidamente o publico mais elitizado, que  foge do Orkut como o Diabo da Cruz.
Claro que o FB é superior, mais leve e com muito mais recursos  que o  Orkut. Mas a migração para o FB deixou a muito de ser por qualidade ou recursos e sim por status. Não exatamente social, mas pior ainda, cultural.

E o FB veio como um Tsunami e eu sinto que até agora não foi assimilado ainda pelo Google, que até um ano  atrás parecia maior que a Internet. Da noite para o dia, o Google ameaça se transformar em alguma coisa secundária, que presta serviços a rede do FB. O You Tube, na minha opinião, hoje é o maior acervo do Google.  O resto virou commoditie.

Para as pessoas, uma página no FB, Linkedin ou Twitter passa a ser um requisito básico entre ser ou não ser. Pessoas que renegavam a Net, que prezavam sua privacidade não podem mais lutar contra a nova onda das redes sociais até mesmo para uma questão de sobrevivência no mercado de trabalho.

E os blogs perdem um pouco sua importância como universo independente e talvez migrem para dentro das redes sociais.

Twitter e Facebook nos permitem hoje algo assustador. A filtragem em comunidade das  informações relevantes. Antigamente precisávamos pesquisar e filtrar notícias, informações úteis e interessantes. Hoje se você tem 200 amigos, eles fazem este trabalho para você e você está livre, podendo se especializar, buscando especificamente assuntos  de sua área de interesse, pois os assuntos gerais serão garimpados pelos amigos. A evolução da sociedade se multiplicará num ritmo nunca antes sonhado.

Claro, tudo tem seus pontos negativos, mas não posso negar o valor das redes sociais, até mesmo para resolver questões sociais que antes eram da alçada do governo ou das ONGs. Na verdade comunidades ou grupos dentro do FB já competem com as ONGs.

Se você ainda não possui sua página numa rede social, com certeza ainda vai possuir. 

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